A ocorrência de casos de sarampo preocupa autoridades e profissionais da área médica. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou a primeira morte por sarampo na cidade de São Paulo em 22 anos. Em todo o Estado, há 2.457 registros confirmados da doença e outros 10.608 casos em investigação. Em entrevista, Celso Granato, infectologista da Unifesp e do Fleury Medicina e Saúde, falou sobre o assunto.

A que o senhor atribui os números altos de sarampo em São Paulo e a primeira morte em 22 anos?

Quando começamos a ter um número de casos como há na cidade de São Paulo, invariavelmente, em algum momento, vai morrer alguma pessoa. As pessoas deixaram de ver o sarampo, começaram a achar que não é uma doença tão grave assim. Mas é muito grave, especialmente para pessoas que têm doenças prévias.

Por que há uma concentração tão grande na cidade de São Paulo?

A vacinação estava bem aquém daquilo que deveria ser. O sarampo é muito transmissível. Uma pessoa contamina, mais ou menos, de 12 a 18 pessoas. Não há nenhuma doença que contamine tanto assim. Quando há menos do que 90% da população vacinada, que é o que estamos vivendo aqui (em São Paulo), a possibilidade de um surto é real.

O senhor atribui isso só à falta de vacinação ou há outros fatores?

É possível – mas são dados bastante precoces e não temos análise científica muito bem estabelecida – (que isso tenha relação com o fato de que) esse vírus sofreu mutação. É possível que quem não tivesse nível alto de produção de anticorpos já estivesse suscetível de novo. É por isso que a secretaria está reforçando a necessidade de se tomar mais uma dose.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.