Com a já anunciada paralização da produção da Coronavac pelo Instituto Butantan, e a suspensão da vacina da Fiocruz estimada para a semana que entra, os Brasileiros vacinados com esses imunizantes se perguntam como receberão uma segunda dose. A entrada da vacina Pfizer/BioNTech no Brasil dia 6 de maio garantiu que o plano de imunização não fosse por totalmente por água abaixo, mas fica a pergunta: é possível misturar duas marcas entre a primeira e segunda doses?

Especialistas afirmam que não há um estudo definitivo sobre o assunto, mas que a vacinação com plataformas diferentes de imunizantes aumenta a probabilidade de efeitos colaterais, por exemplo.

+ Sem insumo chinês, Butantan e Fiocruz vão interromper produção de vacinas
+ Vacinados contra a covid-19 no Brasil chegam a 38,3 milhões; 18,10% da população

Para Munir Ayub, membro do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), “se uma vacina tipo a da Oxford/AstraZeneca produz efeito colateral em 15% das pessoas, quando você mistura com um outra vacina, de outra plataforma, esses efeitos colaterais aumentam”. E completa: “A princípio, efeitos colaterais leves: febre, dor no corpo, dor no local da injeção, mal estar, nada de muita gravidade”.

Ainda segundo o infectologista, há uma expectativa de que haja uma melhor resposta quando há essa “mistura” de vacinas. “No Canadá, por exemplo, por conta da falta da vacina de Oxford, eles vão tentar fazer uma segunda dose com a vacina da Pfizer e vão estudar essas pessoas para ver se há uma expectativa de uma melhor resposta imunológica. Ainda é uma resposta que nós não temos. Teremos que aguardar mais um pouco”.

Ayub ressalta que no Brasil ainda não há essa possibilidade, pelo menos por enquanto, pois a aplicação é monitorada com o cadastro no local da aplicação, com os dados do imunizado e da vacina, incluindo o lote.

Recomendação

De acordo com a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), “a recomendação é que a gente faça (a vacinação) da mesma vacina sempre, sem fazer uma intercambiabilidade entre elas”.

Gestantes

Segundo a opinião de Stucchi, “para as gestantes que tomaram a vacina da AstraZeneca eu manteria a segunda dose”. A infectologista ressalta que o importante é que as grávidas, não apenas as que têm comorbidades, sejam vacinadas com prioridade e que devem ser contempladas com a vacinação.