Os laboratórios Pfizer/BioNTech anunciaram, nesta terça-feira (1o), que pediram autorização para sua vacina na Europa, um novo passo adiante contra a pandemia de coronavírus, que abala a economia mundial e multiplica as necessidades humanitárias.

As empresas americana e alemã anunciaram uma eficácia de 95% nos testes da vacina e acreditam que a distribuição pode começar até o fim do mês.

A “solicitação formal” à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) foi apresentada na segunda-feira (30), mesmo dia em que o laboratório americano Moderna pediu a autorização para sua vacina. Esta última foi anunciada com eficácia de 94,1%, nos Estados Unidos, país onde Pzifer e BioNTech também têm seu produto sob avaliação.

Se a Agência de Alimentos e Medicamentos americana (FDA, na sigla em inglês), que está examinando as duas vacinas, considerar que ambas são seguras e eficazes, milhões de americanos poderão começar a ser inoculados em meados de dezembro.

O país é o mais afetado do mundo pela covid-19, com mais de 268.000 vítimas fatais e mais de 13,5 milhões de contágios. Nas últimas 24 horas, foram mais de 1.000 óbitos provocados pela doença.

As autoridades de saúde do país alertaram que os casos podem aumentar pelos contatos produzidos no Dia de Ação de Graças, na semana passada.

Na Europa, a EMA anunciou que celebrará uma reunião extraordinária em 29 de dezembro, “no mais tardar”, para decidir se aprova a vacina da Pzifer e da BioNtech. O pedido da Moderna será examinado até 12 de janeiro. Posteriormente, a Comissão Europeia terá de autorizar de maneira definitiva a comercialização.

– “Perspectiva sombria e desoladora” –

A proximidade da vacina é uma luz no fim do túnel para a saúde, assim como nos âmbitos humanitário e econômico.

Em todo planeta, a pandemia provocou mais de 1,4 milhão de mortes e 63 milhões de casos.

A ONU afirmou que serão necessários US$ 35 bilhões para ajudas em 2021. No total, 235 milhões de pessoas, um em cada 33 habitantes do planeta, precisarão de algum tipo de assistência de emergência no próximo ano, o que representa um aumento de 40% em 12 meses.

“O aumento se deve quase totalmente à covid-19”, afirmou o coordenador da ajuda de emergência da ONU, Mark Lowcock.

“O panorama que apresentamos é a perspectiva mais desoladora e sombria sobre a necessidade humanitária no período futuro que já anunciamos”, disse Lowcock.

Ao mesmo tempo, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) injetou um leve otimismo no complicado panorama econômico provocado pelo coronavírus.

A OCDE observa uma pequena esperança com as futuras vacinas, mas adverte que o cenário ainda é incerto. Em suas previsões semestrais, a organização reduziu sua previsão de crescimento mundial para 2021: 4,2%, contra 5% na estimativa anterior.

Mas corrigiu o cálculo para 2020, desta vez com revisão de alta: o Produto Interno Bruto (PIB) mundial retrocederá 4,2%, contra 4,5% da previsão anterior.

No Brasil, por exemplo, um dos países mais afetados pela doença, com mais de 172.000 mortes, o PIB deve recuar 6% este ano e registrar alta de 2,6% em 2021.

O mundo deve recuperar o crescimento prévio à crise de saúde no fim de 2021. E, para 2022, a OCDE prevê um crescimento de 3,7%.

– Um ano –

A ponto de completar um ano dos primeiros casos registrados do novo coronavírus, os jornalistas da AFP retornaram a Wuhan, no centro da China, marco zero da pandemia. Na cidade, os parentes de vítimas da doença sofrem com a perda, mas também com a recusa das autoridades a reconhecer sua responsabilidade na propagação inicial do vírus e na demora em decretar quarentena na cidade.

O pai de Liu Peien, um ex-funcionário do Partido Comunista, apresentou sintomas após um exame em um hospital de Wuhan, mas a causa da morte nunca foi confirmada oficialmente por falta de exames de detecção suficientes na ocasião.

Liu Peien afirma que entrou em uma “espécie de loucura”.

“Estava muito irritado, pedia vingança nas redes sociais”, plataformas que são muito controladas pelo regime.

No total, a China registrou menos de 5.000 mortes provocadas pelo coronavírus, de acordo com os dados oficiais, e a pandemia está sob controle.

A situação é bem diferente na América Latina. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon Ghebreyesus, alertou para a rápida propagação de covid-19 no Brasil e no México.

“Acho que o Brasil deveria levar muito, muito a sério. É muito, muito preocupante”, advertiu Tedros sobre a evolução da covid-19 no país.

Com 211,8 milhões de habitantes, o Brasil é o segundo país mais enlutado pela pandemia, com mais de 173.000 mortes.

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