A variante Ômicron do coronavírus apresenta diversas mutações genéticas que podem comprometer a imunização fornecida pelas vacinas disponíveis. Seria necessário, então, atualizar os imunizantes produzidos pelos principais laboratórios do mundo, o que levaria pouco mais de 3 meses, segundo Deborah Fuller, microbiologista, professora da Universidade de Washington e especialista em vacinas que utilizam a tecnologia de mRNA, como Pfizer e Moderna.

Em artigo ao site The Conversation, Fuller acredita que apenas mais uma dose de reforço de um imunizante atualizado às mutações da Ômicron devam proteger a população do vírus. A principal preocupação é fornecer os anticorpos necessários às 30 alterações na proteína Spike, usada para penetrar nas células humanas.

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“Todas as vacinas de mRNA contra a Covid-19 funcionam dando instruções na forma de RNA mensageiro ao corpo humano. Essas estruturas direcionam as células para fabricar uma versão inofensiva da proteína spike. É essa proteína que induz o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a doença: se uma pessoa for exposta ao coronavírus, esses anticorpos se ligam à proteína spike e interferem em sua capacidade de infectar as células humanas”, explica Fuller.

As vacinas que usam tecnologia de RNA mensageiro, consideradas da terceira geração tecnológica, diferem das clássicas que utilizam um vírus inativado, como a CoronaVac, por exemplo.

Para produzir uma nova vacina de mRNA é preciso sequenciar geneticamente a nova proteína spike, o que já foi feito, e codificar as instruções para as células humanas produzirem a spike modificada. A partir disso, o próprio organismo passa a produzir anticorpos específicos àquela ameaça.

“Ao trocar o código genético da proteína spike original pela nova variante, um novo imunizante induziria anticorpos que se ligariam de forma mais eficaz à cepa e a impediria de infectar as células”, ressalta Fuller.

A pesquisadora indica que uma nova vacina de mRNA contra a Ômicron deva levar pouco mais de 3 meses para ficar pronta: o maior desafio são os testes pré-clínicos com células humanas em tubos de ensaio, o que levaria seis semanas. Depois disso, seriam realizados ensaios clínicos em voluntários.

Fuller, porém, duvida de quantos dados clínicos seriam necessários à aprovação da nova vacina pela Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos. Do ponto de vista da segurança, a vacina atualizada seria idêntica às já existentes, apenas com alterações em seu código genético.