Estava na hora de a tecnologia dar outro up ao papel do consumidor – vamos combinar que robôs vendendo serviços de operadoras são irritantes. A era do Conteúdo É Rei dá lugar, nos anos 2020, à era do Cliente É Rei. E é pensando nele que nasce a plataforma imobiliária Kzas. “Nosso foco é deixar as pessoas não menos que encantadas”, diz Eduardo Muszkat, cofundador da empresa.

A plataforma embute uma ideia simples, mas inédita e transformadora para o segmento: juntar vendedores de imóveis e potenciais compradores e fazer dar ‘match’. Até aí, nada de novo. Os diferenciais estão lastreados em dois eixos. No primeiro, uma modelagem em que a estrutura de ganho financeiro não se dará apenas pela venda. Por tradição, o mercado imobiliário trabalha com o corretor autônomo, normalmente remunerado por comissão. Isso leva a uma tendência de fazer valer o preço mais cheio possível.

Na plataforma, os corretores são contratados em regime CLT e a remuneração, que pode dobrar o salário, é feita a partir das avaliações dadas tanto por vendedores quanto compradores, como numa corrida da Uber ou 99. “Mesmo quando a transação não é concluída, essa nota será dada”, destaca Muszkat. Esse modelo muda o paradigma. Sai o time ‘gente de venda’, entram em cena os especialistas, ou ‘kzadores’, como prefere o executivo.

O segundo diferencial está no uso de Inteligência Artificial para conciliar perfis dos compradores ao tipo mais adequado de produto disponível. Muszkat compara a entrevista com o comprador ao que na medicina se chama anamnese, uma entrevista profunda para traçar seu perfil e alimentar o match. “Qualificamos as duas pontas (vendedor, comprador) e analisamos tanto os imóveis quanto a documentação para validar o que entrará na plataforma.” Isso permite uma curadoria profunda. “E uma UX (User Experience, a experiência do usuário) ininterrupta”, diz Muszkat, que também é o head financeiro e de operações.

Na Kzas, parte da comissão da negociação volta ao comprador em forma de bônus para ele consumir em parceiros da plataforma – marcas de decoração, eletromésticos ou material de construção. Numa compra de R$ 500 mil, por exemplo, o vendedor deixa 6% (R$ 30 mil) como comissão pela venda. Para a Kzas ficam 5% (R$ 25 mil) e o 1% restante (R$ 5 mil) retorna ao comprador como bônus. “E se ele decidir doar o bônus para a ONG Teto (que atua junto a comunidades pobres), a gente abre mão de mais 1%, repassando R$ 10 mil para a ONG”, diz Muszkat. “É uma maneira de ampliarmos o ecossistema de atuação em relação ao tema moradia.” Dos dez imóveis negociados pela plataforma em janeiro, um teve o bônus revertido.

Deu match Eduardo Muszkat, da Kzas: tecnologia para promover “casamento” ideal na venda de imóveis. (Crédito:Leonardo Soares)

De acordo com o cofundador, a plataforma já tem 50 mil unidades disponíveis – na Grande São Paulo. São imóveis novos de incorporadoras parcerias. Até a virada do primeiro trimestre, serão aceitos imóveis de pessoas físicas e ao longo do ano está planejada a expansão para outras regiões. Mesmo recém-nascida, a empresa já recebeu aporte de US$ 4 milhões da Redpoint Eventures. Parte dos recursos vai servir para alimentar com mais dados e insights a Inteligência Artificial e enriquecer ainda mais a experiência do usuário. A Kzas nasce obcecada pelo consumidor.