São Paulo, 2/6 – O diretor presidente da Biosev, Rui Chammas, destacou nesta sexta-feira, 2, que as usinas da companhia, braço sucroenergético da Louis Dreyfus Company (LDC), utilizaram 86,6% da capacidade instalada na safra 2016/17, “um recorde”. “Na esteira disso está a moagem 2% maior na temporada, de 31,5 milhões de toneladas”, explicou ele, durante teleconferência com analistas e investidores.

No ciclo 2016/17, encerrado em 31 de março passado, a Biosev alcançou uma produtividade agrícola de 83 toneladas de cana por hectare (TCH) em suas unidades no Centro-Sul do País, um incremento de 3% ante o ciclo anterior, comentou Chammas. Considerando as usinas do Nordeste, a companhia viu o TCH aumentar 2,3% na safra, para 77,9.

Na quinta à noite, a Biosev reportou prejuízo líquido de R$ 313,4 milhões no quarto trimestre do ano-safra 2016/17, encerrado em março. O resultado reverteu lucro de R$ 22,4 milhões registrado em igual período do ciclo anterior. No acumulado da temporada, o prejuízo foi de R$ 600,42 milhões, 32,1% menor frente 2015/16.

A companhia nasceu em 2009, a partir da fusão da LDC Bioenergia com a Santelisa Vale, uma das maiores companhias nacionais na produção e processamento de cana-de-açúcar. Ela é a segunda maior processadora de cana do mundo, com 11 unidades industriais localizadas em quatro polos agroindustriais no Brasil. A capacidade total de moagem é de cerca de 36 milhões de toneladas por safra.

Queda nos preços

Chammas comentou que a queda nos preços do açúcar na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), para o menor nível em mais de um ano, não influencia, por ora, o planejamento de mix de produção pela companhia na safra 2017/18. “Ainda não temos nenhuma decisão de mudar o mix. Se houver alguma mudança, seria em Mato Grosso do Sul, para mais alcooleiro. A mudança não está confirmada, mas é possível que ocorra”, reconheceu ele.

De acordo com Chammas, a possibilidade de alteração no mix no polo da Biosev em Mato Grosso do Sul deve-se ao fato de a região estar mais distante dos principais portos exportadores do País, o de Santos (SP) e o de Paranaguá (PR). “O preço pontual mais baixo faz com que a produção das usinas no centro do País sejam desafiadas a um mix mais alcooleiro. Isso não necessariamente ocorrerá em todas as unidades”, disse.

Ainda segundo Chammas, a queda nos preços do açúcar também não altera o capex projetado para a temporada, de 1,35 bilhão. Mas ele afirmou que algum ajuste no replantio pode ocorrer.

Hedge

O diretor financeiro da Biosev, Paulo Prignolato, disse que o hedge de preços de açúcar feito pela companhia para a atual safra 2017/18 é 30% superior ao do ciclo anterior. Em teleconferência com analistas e investidores, ele destacou que, com esse travamento, aliado ao capex de cerca de R$ 1,35 bilhão previsto para o ano, “ficam criadas as condições para geração de caixa da companhia”.

Em 31 de março, a Biosev tinha realizado o hedge de 1,10 milhão de toneladas de açúcar para 2017/18, a um preço médio de 18,52 centavos de dólar por libra-peso. O volume representa aproximadamente 60% da exposição da empresa, afirmou Prignolato.