Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) -As units do Banco Inter chegaram a disparar 18,5% nesta segunda-feira após a companhia anunciar que está terminando estudos de reestruturação societária para listar papéis na Nasdaq e que também planeja uma oferta de ações no Brasil que terá a StoneCo como âncora.

“Ficamos surpresos, e de forma absolutamente positiva, com os anúncios do Inter e da Stone na manhã de hoje”, afirmou o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em nota a clientes.

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Por volta de 12:25, as units do Inter saltavam 17,8%, a 210,71 reais, maior alta do Ibovespa, que subia 0,5%. Na máxima, os papéis chegaram a 212 reais. Em Nova York, as ações da StoneCo avançavam 1,9%, a 64,09 dólares.

No caso da reestruturação, o Inter pretende migrar sua base acionária para a Inter Platform, uma empresa sediada em Cayman a ser registrada na Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA). As ações dessa nova empresa serão listadas na Nasdaq, com lastro em BDRs listados na B3.

“Os prazos e a viabilidade da proposta de reorganização societária em estudo estão em processo de definição”, afirmou.

Em outra frente, o Inter revelou acordo com a StoneCo, por meio do qual a processadora de cartões se comprometeu a subscrever ações ordinárias e/ou units correspondentes a até 4,99% do capital social do banco digital, com investimento limitado a 2,5 bilhões de reais.

A aquisição dos papéis se dará no âmbito de oferta pública de ações do Inter, no valor fixado, já considerando o desdobramento em curso, de 19,28 reais por ação ordinária e preferencial e 57,84 reais por unit, de acordo com fato relevante do Inter à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O acordo prevê que a Stone terá direito de preferência em caso de mudança de controle da Inter pelo prazo de 6 anos e de acordo com os limites de preço predefinidos, bem como prerrogativa para assento no conselho de administração do banco. A Stone não emitirá ações para financiar a transação.

“Ainda não temos o timing exato, mas deve ser em breve. E pode ser uma grande oferta (de cerca de 5 bilhões de reais), já que Stone se compromete a investir até 2,5 bilhões de reais, enquanto o Inter deve dar prioridade aos atuais acionistas”, estimou Rosman, do BTG.

Além da família Menin, controladora do banco, a composição acionária do Inter também inclui o Softbank com participação de 14,29%.

“Inter e Stone envidarão seus melhores esforços para iniciar uma discussão a fim de explorar oportunidades de negócio que possam potencializar a força de ambas companhias para a criação de um ecossistema que conecta compradores a vendedores, que serão beneficiados com os melhores produtos financeiros e um grande canal de vendas”, afirmou o Inter no comunicado.

Entre as oportunidades que podem ser estudadas, estão conectar os clientes da Stone ao Inter Shop, digitalizar a experiência de pagamentos entre clientes Inter e varejistas Stone, explorar cross-selling e alavancar a força do funding do Inter nas ofertas de capital de giro da Stone.

“Ainda temos que digerir os anúncios, mas nossa primeira leitura é positiva”, afirmou o analista do BTG, acrescentando que para o Inter o acordo traz um parceiro muito forte e elimina o risco de um follow-on, o que acham que a maioria no Street estava esperando.

Rosman acrescentou que a futura listagem da plataforma do Inter nos Estados Unidos também é importante, pois dá à família Menin mais poder de “diluição” para manter o controle caso sejam necessários mais follow-ons (e fusões e aquisições).

“Na Stone, argumentamos recentemente que ele precisa acelerar a digitalização de seus comerciantes e buscar outras fontes de financiamento”, acrescentou, avaliando que a transação é uma vitória para ambos e reiterando Inter e Stone na sua lista de preferências.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)

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