Seja nos bastidores ou como presidente da República, ele promoveu, nos últimos anos, uma política populista sem precedentes na história do país. Ao erguer a bandeira da distribuição de renda e do combate à pobreza, implementou políticas estúpidas e irresponsáveis – insustentáveis sob a ótica da gestão pública –, que levaram a economia à maior recessão de que se tem notícia. Ex-operário e sindicalista, convenceu multidões de que a saída para a desigualdade é o choque de classes, o combate aos patrões e à elite branca.

Na prática, se aliou aos grandes grupos empresariais nacionais para criar o maior esquema de desvio do dinheiro público de todos os tempos. Seus discursos inflamados arrebataram multidões e garantiram a sobrevivência de seu projeto de poder por várias eleições. Indiscutivelmente, se mostrou um hábil político, exímio orador e mentiroso descarado. Embora nunca tenha lido um livro de Karl Marx do começo ao fim, desde os anos de 1970 veste a fantasia de defensor do socialismo. Uma espécie de personificação da esquerda.

Seu populismo, por questões óbvias, agrada às massas. O controle do preço dos combustíveis, o estímulo forçado ao crédito, o apoio com dinheiro público a companhias escolhidas a dedo, entre outras benesses, criaram castas empresariais e bolhas artificiais de prosperidade – uma falsa sensação de riqueza. Sob seu comando, a ideia de Estado onipresente e onipotente ganhou musculatura. Nem mesmo descobertas de gigantescas reservas de petróleo garantiram dinheiro capaz de diminuir o abismo entre ricos e pobres.

O fracasso de boa parte de seus projetos sociais e a escolha da corrupção e da ladroagem como política oficial de governo estamparam as manchetes dos jornais, as capas de revistas e o lugar de maior destaque dos noticiários da tevê e internet. O resultado não poderia ser outro: se diz vítima de um complô da mídia, perseguido por uma imprensa golpista e conservadora. Ele também tem lutado contra o judiciário, contra o Congresso, contra o Ministério Público. Segundo ele, todos querem ver seu sangue, em represália às suas conquistas nos últimos anos.

Com uma veemência de causar inveja a Joseph Goebbels, nega à exaustão que seus erros tenham levado o país ao abismo. Mas o fato é ele quebrou a economia, derrubou as empresas, afugentou os investimentos e, por consequência, empurrou a população – especialmente aqueles que o levaram ao poder – à maior taxa de desemprego em décadas. A inflação saiu do controle. Os movimentos sociais, pró e contra seu governo, passaram a se confrontar nas ruas. Pneus são queimados, enquanto a truculenta polícia não hesita em atacar com suas bombas de efeito moral e balas de borracha.

Nas próximas eleições, ele voltará a pedir um voto de confiança, tentará convencer de que todas as críticas envolvendo o nome dele e os de seus companheiros de partido são intrigas da oposição. Também gritará em palanques pedindo apoio contra o imperialismo estrangeiro e do mercado financeiro. Lula da Silva ou Nicolás Maduro? Tanto faz. Como em outros episódios, apelará para o vitimismo com cara de pobre coitado. Vai até chorar. Tudo para, mais uma vez, ter a oportunidade de fazer seus eleitores de trouxa.