Uma nova e promissora forma de trocar e difundir notícias produzidas por empresas de mídia que têm a língua portuguesa em comum avança em âmbito global. Iniciada há pouco mais de um mês, uma estratégia baseada na troca de conteúdos para somar audiências acaba de gerar mais um fruto, agora na Ásia. O jornal online Plataforma, sediado em Macau, foi lançado na segunda-feira 2 com a missão de reunir notícias e reportagens assinadas por um “pool” de órgãos de comunicação de diversos países. Do lado brasileiro, fazem parte a Editora Três (que publica as revistas ISTOÉ, IstoÉ Dinheiro, Dinheiro Rural, Menu e Planeta), a Rede Bandeirantes de rádio e televisão e o jornal “Folha de S. Paulo”. Fora do País, a parceria é encabeçada pela Global Media, uma das maiores empresas de comunicação de Portugal, onde controla jornais, emissoras de rádio e tem forte presença na internet, além de atuar também em Angola, Moçambique, Cabo Verde e Macau – a antiga colônia portuguesa que desde 1999 é uma região administrativa especial da China, assim como Hong Kong. A ação é inédita para a nossa língua, a quinta mais falada no mundo.

José Manuel Diogo, diretor do Global Media Group: “A Plataforma exponencia a voz
de cada meio de comunicação
que participa dele para todo o planeta. Estamos escrevendo um novo capítulo da história” (Crédito:Divulgação)

“Existe um potencial imenso e ainda inexplorado pelos grupos de mídia dos países de língua portuguesa”, afirma Caco Alzugaray, presidente executivo da Editora Três. Ele destaca as vantagens da parceria firmada com a Global Media para aproveitar, de forma conjunta, as afinidades culturais entre os povos unidos pelo idioma: “Há interesses comuns entre os diversos países que compartilham o idioma — seja na economia, na política, no esporte, na culinária. E o fato de o Brasil ser o maior desses países naturalmente desperta enorme atenção. A parceria entre grandes grupos de mídia irá fomentar uma maior interação entre as diferentes audiências que cada um alcança”, acredita. Estima-se que hoje 280 milhões de pessoas falem português em todo o mundo.

INTERCÂMBIO “Este projeto é a realização de um sonho de reconectar por meio digital, onde as fronteiras não existem, os falantes da língua, para que juntos sejamos mais e possamos estreitar laços e aumentar o intercâmbio de informações e trocas comerciais”, diz José Manuel Diogo, diretor de Negócios Internacional do Global Media Group. “O Plataforma exponencia a voz de cada meio de comunicação que participa dele para todo o planeta. A língua é facilitadora e traz cumplicidade àqueles que a falam. Estamos escrevendo um novo capítulo da história”, afirma. Se a iniciativa de compartilhar conteúdos e divulgá-los simultaneamente para o público dos diversos veículos envolvidos na parceria já multiplicava o alcance do jornalismo em língua portuguesa, o lançamento do site Plataforma, em Macau, produz um ganho de escala ainda maior, uma vez que ele é trilíngue: as notícias estão também em inglês e chinês. Com uma redação em Lisboa e outra na China, o jornal online não só produz noticiário próprio como faz a curadoria de reportagens, artigos e outros conteúdos multimídia dos demais veículos envolvidos.

Parceiros: na imagem à esquerda, a partir da esquerda, Helio Gomes, Caco Alzugaray (Editora Três), José Manuel Diogo (Global Media Group), Paula Alzugaray (seLecT) e Paula Rocha, também do grupo português: Plataforma põe Brasil em evidência mundial

“Há exatamente um ano, a revista seLecT dedicou uma edição à atualização das relações culturais entre Brasil, Portugal e países africanos de língua portuguesa. O projeto de parceria que nos foi apresentado pela Global Media — criar uma plataforma para dar visibilidade ao jornalismo produzido em língua portuguesa em todo o mundo — vem ao encontro do que já havíamos percebido”, diz Paula Alzugaray, diretora de redação da revista seLecT, que também integra o “pool”, assim como os títulos da Editora Rocky Mountain, que já conta com projetos para produção conjunta de conteúdo com os parceiros portugueses. “Em um momento em que a crítica pós-colonial e as narrativas históricas não-eurocêntricas estão na pauta do dia, acredito que este projeto tem vocação de promover o elo necessário entre a pauta global e a especificidade regional”, afirma Paula.