A startup imobiliária Loft, especializada em compra e venda de imóveis, realizou ontem um corte de 12% da companhia, confirmou a empresa ao Estadão. Essa é a terceira rodada de demissões da companhia, que soma quase 855 funcionários demitidos ao longo de 2022.

Já haviam sido dispensados 312 funcionários do antigo quadro de 2,6 mil pessoas. Em abril, a Loft havia cortado 159 pessoas em movimento que chamou de “consolidação da área de crédito”. Em julho, uma nova rodada levou 384 outros funcionários da startup.

Os funcionários demitidos ontem vão receber extensão do plano de saúde para titular e dependentes por dois meses e apoio no processo de recolocação profissional (que inclui assinatura do serviço LinkedIn Premium), entre outros benefícios. No comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados” e diz que “está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado”.

+ Um em cada quatro profissionais já foi demitido por conta da idade, mostra levantamento

GRUPO SELETO

A Loft faz parte do seleto clube dos “unicórnios”, nome dado às startups com avaliação de mercado acima de US$ 1 bilhão. Fundada em 2019, a empresa brasileira foi avaliada em US$ 2,9 bilhões em abril de 2021 após levantar US$ 525 milhões.

No mês seguinte, a startup comprou a fintech CredPago, que elimina a figura do fiador na locação de imóveis, e posteriormente adquiriu a startup CrediHome, especializada em crédito. Em dezembro de 2021, a Loft comprou o portal de listagem de imóveis 123i e fechou parcerias com as imobiliárias Mirantte e Zimmerman. Em março de 2022, comprou a Vista, que fornece software de gestão para imobiliárias.

A Loft vem aumentando a atuação pelo Brasil. Na semana passada, a companhia anunciou a expansão para cidades do interior de São Paulo e do Rio Grande do Sul, totalizando 28 municípios no Brasil. Para esse crescimento, a empresa tem adotado o que chama de expansão “com custo reduzido e eficiente”, com parcerias com imobiliárias locais.

Em agosto, a Loft se desfez da Nomah, startup brasileira de estadia curta adquirida em julho de 2020 e que se fundiu à mexicana e rival Casai. No comunicado de ontem, a Loft afirmou que os cortes fazem parte de uma “importante etapa da integração da companhia com suas empresas adquiridas, o que resulta na reestruturação de sua operação”.

CRISE GENERALIZADA

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado igualmente centenas de demissões pelo mundo – e também no Brasil. O período tem sido batizado de “inverno das startups”, após a onda positiva causada pela digitalização durante a pandemia.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão nos últimos meses, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando o apetite dos investidores por risco era maior.

Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa em 2022 estão Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, MadeiraMadeira, Mercado Bitcoin, Olist, Unico, Hotmart, Dock e Wildlife.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.