O Hemocentro da Unicamp, em Campinas (SP), vai começar a testar o uso de plasma sanguíneo de infectados pelo coronavírus que já se recuperaram para tratamento de pacientes com a covid-19 que ainda não chegaram ao estado grave da doença, quando é necessária a internação em UTI.

O tratamento consiste na transfusão do plasma (a parte líquida do sangue) de paciente recuperado da covid-19 para quem está com a doença. Desde o início de abril, o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou testes para casos de pacientes em estado grave – aqueles que apresentam quadros de insuficiência respiratória e estão internados em UTI para uso de aparelhos de respiração forçada.

Conduzido por médicos do Hemocentro da Unicamp, o objetivo é analisar a eficácia desse tipo de tratamento em pacientes com quadro clínico moderado, que ainda consegue respirar sem a ajuda de aparelhos. O médico Bruno Deltreggia Benites, um dos coordenadores do projeto, explica que dois grupos vão receber plasma no tratamento: um com anticorpos específicos para o novo coronavírus e o outro sem os anticorpos.

Durante 30 dias os pesquisadores vão monitorar e comparar a evolução do quadro clínico dos pacientes dos grupos. O objetivo é ter um tratamento que interrompa a progressão da doença e evite a internação na UTI.

Os pesquisadores do Centro de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp aguardam aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do protocolo de estudos e deve começar a coleta o plasma sanguíneo dos pacientes recuperados nos próximos dias. “A coleta de plasma será feita em pacientes curados 30 dias após o desaparecimento de todos os sintomas”, explicou a médica Carolina Costa-Lima Salmoiraghi, outra coordenadora do estudo.

Consórcio

O Hemocentro da Unicamp também aguarda aprovação da Conep do protocolo de pesquisa para iniciar os testes de uso de plasma de pacientes recuperados da covid-19 no tratamento de casos graves da doença. Esse estudo integra o consórcio de pesquisas já em andamento, que envolve a Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês, e o Hemocentro da USP, em Ribeirão Preto (SP).

Em São Paulo, os testes com plasma remanescente para tratamento dos casos graves já estão em andamento. Juntos, as três instituições públicas e os dois hospitais particulares desenvolverão estudos controlados sobre o tratamento, para comprovação científica de eficácia. Os projetos foram iniciados com aprovação da Conep no início de abril, após a Food and Drugs Administration (FDA), agência de medicamentos americana, ter autorizado o uso da terapia, em caráter experimental.