São Paulo, 21 – A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) avaliou como importante o compromisso da China de não renovar a política de salvaguarda para a entrada de açúcar estrangeiro no país a partir de maio de 2020. “O governo brasileiro foi sensível e agiu com rapidez para reverter o impacto que as medidas chinesas causaram nas exportações”, disse, em nota, o diretor executivo da Unica, Eduardo Leão.

Conforme a Unica, até o início da salvaguarda, a China era o maior mercado do Brasil, com mais de 2,5 milhões de toneladas de açúcar por ano-safra. Em 2018/2019, 890 mil toneladas foram embarcadas para o país.

“A expectativa é que as exportações para o país possam retornar no próximo ano aos patamares anteriores à salvaguarda. Há também a possibilidade de o Brasil colaborar com o país a ampliar a participação dos biocombustíveis na matriz energética e, com isso, atender as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e melhorar a qualidade do ar em suas grandes cidades”, disse Leão.

A entidade lembra que a China estabelece uma cota de importação anual de 1,95 milhão de toneladas de açúcar com tarifa de 15%. “Volumes extracota, até 2017, tinham 50% de tributo. Com a salvaguarda, volumes extracota passaram a ser taxados em 95%, com uma progressão decrescente ano a ano até o final do prazo, em maio de 2020”, explica.

Também era dada preferência de importação a países com menor participação no volume – o que excluía o Brasil. A barreira comercial foi alvo de pedido de consulta na Organização Mundial de Comércio (OMC) pelo governo federal, que passou a negociar a reversão do quadro.

Desde o início da salvaguarda, representantes da Unica visitaram duas vezes a China para reuniões com o governo e o setor produtivo. No Brasil, a equipe assessorou o governo na negociação.