No mês passado, o Dentsu Aegis Network (DAN), um dos maiores grupos de comunicação do mundo, deu um passo mais avançado no Brasil: uniu todas as suas empresas digitais e de consultoria debaixo de um único guarda-chuva para oferecer um serviço integrado aos clientes. Passou a chamar essa operação de Grupo Isobar Brasil, que inclui as empresas Isobar, Pontomobi, Cosin Consulting e IWS. Abel Reis, CEO da DAN no País, uma operação com 12 empresas, 1 mil funcionários e R$ 2 bilhões em faturamento de mídia, falou com a coluna:

Por que o grupo uniu as empresas sob o guarda-chuva Grupo Isobar?
Particularmente no Brasil, a atuação da Isobar é muito forte. É uma marca que opera por aqui, desde 2007, quando adquiriu a Agência Click, da qual sou um dos fundadores. Para entender o contexto, em 2013, a japonesa Dentsu comprou a inglesa Aegis (por US$ 4,9 bilhões) criando o Dentsu Aegis Network (DAN). No ano seguinte, delineamos um plano de expansão e aquisições. Chegamos a 12 operações e a marca Isobar, como sendo a mais forte e pioneira do nosso grupo na área digital. Por isso, propusemos ao time global consolidar as operações em Grupo Isobar, com a Isobar, agência digital; a Pontomobi, especializada em soluções de mobilidade; e a Cosin, consultoria de negócios brasileira concorrente de Accenture, PWC e Delloite.

Qual é o sentido de ter uma consultoria de negócios em um grupo de comunicação?
A Cosin, que adquirimos há oito meses, é uma consultoria de negócios estratégica que trabalha com clientes em setores como varejo, serviços, finanças. Por que trouxemos essa empresa para o grupo? Porque entendemos, cada vez mais, que o jogo nessa área de comunicação digital é de estratégia de negócios. Ou seja, para ter uma interlocução madura com o seu cliente, é preciso compreender o negócio dele e ter processos e equipes capazes de atuar junto ao cliente na modelagem de oportunidade e planejamento de negócios.

O senhor poderia me dar um exemplo concreto?
A Isobar, a Pontomobi e a Cosin, juntas, estão desenhando um novo modelo de negócio de vendas ao consumidor para a Danone Águas. É um projeto que implica no planejamento do negócio, planejamento financeiro, de plataforma tecnológica, desenvolvimento criativo de todas as interfaces com o consumidor. É uma demanda que chega do cliente. Mapeamos as oportunidades para que aquilo seja trabalhado como um projeto de transformação de negócio. E o mercado brasileiro tem sido muito receptivo a propostas que ajudem as empresas a tirar proveito das plataformas digitais do ponto de vista de negócios, não apenas de comunicação.

O que as empresas buscam hoje em termos de comunicação? O que mudou de 15 anos para cá?
Há 15 anos, tínhamos uma penetração de internet da ordem de 20 milhões de usuários para uma base de 130 milhões de usuários hoje. Se antes a internet era usada e consumida em computador de mesa, hoje ela é consumida em celular e smart tv. Ou seja, a diversidade de pontos de contato e o acesso à internet trouxeram uma complexidade de planejamento da mídia muito grande. Tudo isso é muito desafiador para a comunicação das marcas. Hoje, os clientes abordam as agências com uma enunciação muito clara de metas a serem atingidas pela comunicação.

A vida ficou mais difícil?
Sim, muito mais difícil. Vem outra onda também de remunerar as agências pelo atingimento de sucesso, das metas estipuladas. Isso é muito desafiador porque as agências, tradicionalmente, sempre tiveram um formato de remuneração, um conforto, que não têm mais. Sem deixar de considerar que muitos clientes têm plataformas transacionais que podem vender produtos e serviços – desde os automotivos até as seguradoras – e as metas estão associadas não apenas à comunicação, mas também às vendas.

Em 2014, o grupo tinha apenas três empresas e hoje tem 12. Continua com apetite para novas aquisições?
Continuamos com apetite, mas estamos digerindo tudo o que adquirimos. O momento agora é de trabalhar a integração, articulação e cooperação dos nossos negócios para entrar em uma segunda rodada de aquisições em 2018.

(Nota publicada na Edição 1013 da revista Dinheiro, com colaboração de: André Jankavski, Cláudio Gradilone, Márcio Kroehn e Vera Ondei)