A Unesco anunciou nesta quinta-feira (25) que adotou um primeiro texto global com recomendações éticas sobre inteligência artificial (IA) para tentar enquadrar essas tecnologias, que possibilitam grandes avanços, mas também representam grandes riscos.

“As tecnologias da inteligência artificial podem prestar grandes serviços à humanidade” e “todos os países podem se beneficiar delas”, mas “também levantam questões éticas subjacentes”, diz em seu preâmbulo a recomendação de 28 páginas, ratificada pelos 193 Estados-membros.

Há “necessidade de garantir a transparência e inteligibilidade do funcionamento dos algoritmos e dos dados a partir dos quais foram obtidos”, já que podem ter influência “nos direitos humanos e nas liberdades fundamentais, na igualdade de gênero e na democracia”, afirmou a organização internacional sediada em Paris.

Quase ausente no início do milênio, a IA foi sendo incorporada progressivamente na vida cotidiana: ela é responsável por selecionar as notícias no celular, sugerir filmes, ou escolher as melhores opções de deslocamento em função do trânsito.

Contudo, os algoritmos que permitem o seu funcionamento também foram mal utilizados nos últimos anos, ilustrando os seus perigos. O Facebook, por exemplo, esteve no foco de muitos escândalos.

A empresa de consultoria britânica Cambridge Analytica foi acusada de desviar os dados dessa rede social para influenciar politicamente no referendo do Brexit, no Reino Unido, e na eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Mais recentemente, o Facebook foi acusado de polarizar as sociedades mediante a difusão desproporcional de conteúdos extremistas e sobre teorias da conspiração.

Fruto de um trabalho iniciado em 2018, a recomendação da Unesco destaca valores como “respeito, proteção e promoção dos direitos humanos”, “diversidade e inclusão”, promoção de “sociedades pacíficas” e do meio ambiente, que os Estados-membros se comprometem a respeitar.