Após bater o pico de US$ 20 mil em dezembro de 2017 o bitcoin passou por uma fase de descrédito ao longo de 2018, quando desabou cerca de 80%, caindo para US$ 3,5 mil. Neste inicio de 2019, contudo, a moeda virtual voltou a atrair o interesse dos investidores. No acumulado do ano, o criptoativo já sobe quase 150% e encosta nos US$ 8 mil.

As razões para a forte alta no curto espaço de tempo são diversas. Natalia Garcia, diretora de riscos da corretora de criptomoedas Foxbit cita a feira Consensus, maior evento global do setor que ocorreu entre 13 e 15 de maio em Nova York. “O preço do bitcoin costuma subir durante e depois da feira por conta dos anúncios que ocorrem por lá”, afirma a especialista. No evento deste ano, por exemplo, a Microsoft anunciou que vai investir em novas plataformas de blockchain, enquanto o Starbucks informou que vai aceitar bitcoins como forma de pagamento.

Fernando Carvalho, da QR Capital: primeiro fundo de gestão ativa de criptomoedas do mercado brasileiro será lançado em agosto (Crédito:Divulgação)

A maior circulação das moedas digitais pelo mercado convencional tem atraído o interesse de investidores institucionais, que começam a perder o medo do ativo, que já não é exatamente uma novidade, explica Fernando Carvalho, CEO da gestora de criptoativos QR Capital. “A alta recente ainda tem um caráter especulativo diante das sinalizações de que os institucionais estão avaliando o mercado”, diz Carvalho, que falou com a DINHEIRO diretamente da Consensus.

A expectativa com o Halving, evento do setor que é realizado a cada quatro anos e está previsto para maio de 2020, é outra razão para a alta do bitcoin. Quando ele chegar, a cada mineração feita na plataforma blockchain, a recompensa vai cair pela metade – hoje o ganho é de 12,5 bitcoins por mineração bem sucedida e vai ser de 6,25 a partir do ano que vem. “Alguns investidores estão se antecipando a esse evento para garantir desde já uma remuneração melhor”, diz Natalia.

No Brasil, a demanda pelas moedas virtuais segue aquecida. A Foxbit tem 520 mil clientes cadastrados. E a QR Capital deve lançar, em agosto, o primeiro fundo de gestão ativa de criptomoedas do Brasil. “A regulação promovida pela CVM em setembro do ano passado permitiu que fundos brasileiros comprassem cotas de fundos internacionais que investem em criptoativos”, afirma Carvalho. A meta é captar R$ 100 milhões até dezembro de 2020.