15/11/2018 - 19:00
Quanto custa uma resposta à desconfiança? Para o iFood, US$ 500 milhões. Foi esse o valor do aporte que o serviço de delivery de refeições recebeu na terça-feira 13, numa rodada de captação que teve participação da Movile, holding que controla a empresa dona do aplicativo, e dos fundos de investimentos Naspers e Innova Capital. Mais do que dinheiro para aplicar em inovações logísticas e tecnológicas, o investimento é um número gritante de uma companhia que quer mostrar para seus rivais que não vai dar qualquer espaço para que tomem seu lugar. “A gente sempre é questionado sobre a pressão do concorrente americano no mercado de food delivery. Somos 16 vezes maiores”, diz o fundador e CEO da Movile, Fabricio Bloisi, em referência à Uber. “O plano é investir para sermos os maiores do mundo”, afirma.
Mas não é exatamente assim que todos no mercado enxergam. Para Daniel Domeneghetti, CEO da consultoria brasileira DOM Strategy Partners, trata-se de uma defesa da empresa em relação aos avanços de seus concorrentes internacionais. “A internacionalização do iFood é muito menos provável do que a nacionalização de seus rivais”, diz Domeneghetti. Presente em 483 cidades brasileiras, a plataforma tem números superlativos. Segundo a consultoria americana SimilarWeb, o serviço realizou 10,8 milhões de entregas em outubro, 16 vezes mais do que o Uber Eats e 20 vezes superior aos números da sensação colombiana Rappi, que já recebeu aportes na casa dos US$ 390 milhões.
Para o futuro, a meta da empresa brasileira é dobrar o número de entregadores e triplicar o de restaurantes. Hoje, são 120 mil motoboys e 50 mil restaurantes. São planos que podem ajudar o serviço a superar outro rival estrangeiro, o GrubHub. Em outubro, o serviço americano realizou 416 mil entregas por dia, contra 390 mil do iFood. A diferença é que, desde 2017, a empresa de Chicago cresceu 39%, contra um aumento de 109% da brasileira. O setor de delivery de alimentos faturou R$ 10 bilhões em 2017. Para efeito de comparação, as vendas de e-commerce somaram R$ 59,9 bilhões. Há espaço – e apetite – para crescer.