Desde que foi inaugurado, em 2000, o complexo turístico Costa do Sauípe Resorts, a cerca de 80 km de Salvador (BA), com cinco hotéis e cinco pousadas, dá prejuízo atrás de prejuízo – uma média de R$ 30 milhões nos últimos anos. Por isso, quando o grupo Rio Quente Resorts pagou R$ 140 milhões e tirou o mico do colo do Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, até então dono do empreendimento, muita gente se perguntou qual seria a estratégia da empresa goiana para fazer o balanço financeiro de Sauípe brilhar como o sol que atrai 700 mil turistas por ano. “Não adianta apenas reformar o complexo”, diz Francisco Costa Neto (foto abaixo), CEO do Rio Quente Resorts. “Além de renovar o empreendimento, vamos construir o maior parque aquático da América do Sul, com capacidade para receber 8 mil pessoas por dia.” Para isso, serão investidos R$ 130 milhões de um total de R$ 400 milhões programados para os próximos sete anos. A ideia é fazer com que o parque, que começará a ser construído neste ano e ficará pronto em 2020, seja o ponto de atração para reerguer o complexo. “E também vamos receber os turistas de outros resorts da região que pretendam aproveitar um dia no parque aquático.”

 

A carta na manga do Rio Quente Resorts

Com faturamento de R$ 380 milhões no ano passado, o Rio Quente Resorts, uma estrutura hoteleira com sete hotéis e 1,2 mil apartamentos, vai quase dobrar de tamanho com a operação de Sauípe, chegando a uma receita de R$ 680 milhões em 2018. Para incrementar a ocupação, o grupo conta com uma carta na manga: a extensa base de clientes de seu clube de timeshare. Hoje são 27 mil associados que se somarão aos dois mil de Costa do Sauípe. “Vamos dobrar o número de Sauípe e acabamos de reformular o nosso clube, oferecendo também alimentos e bebidas incluídos”, diz Neto. A empresa também está investindo R$ 70 milhões, de um total de R$ 500 milhões em sete anos, no Rio Quente Resorts para construir um complexo com 40 casas de luxo. Elas ficarão prontas em 2020 e funcionarão no sistema de propriedade compartilhada. Cada membro pagará R$ 200 mil para poder usufruir da casa por um período de três semanas por ano ao longo de 40 anos. Mais de 50 cotas já foram vendidas.

 

A caminho de um IPO

Os planos do Rio Quente Resorts, que tem como controladores os grupos mineiro Algar e o goiano FLC Participações e Investimentos, são mais ambiciosos do que se imagina. A meta é virar um grande consolidador no setor de resorts no Brasil. Para isso, a empresa vem conversando com fundos de private equity com o objetivo de se capitalizar e comprar novos hotéis a partir de 2020. Depois disso, com mais unidades hoteleiras, o próximo passo seria a abertura de capital na bolsa. “O setor de resorts é muito pulverizado”, diz Neto. “Há espaço para a consolidação.”

(Nota publicada na Edição 1055 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Gabriel Baldocchi)