O Brasil está fazendo um aceno concreto para a ampliação de negócios com um dos parceiros mais esquecidos do Mercosul, o Peru, que conta hoje com um PIB de pouco mais de US$ 190 bilhões, uma renda per capita que gira em torno de US$ 6,1 mil anuais e uma população de 32 milhões de habitantes. Em termos práticos, a economia local está crescendo de forma alvissareira, ao ritmo de 3,7% ao ano, taxa de inflação da ordem de 2,3% e desemprego na casa de 6,7%. São indicadores arrumados, capazes de fazer corar de inveja qualquer outra nação latina. Não por menos, o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais – organizou uma caravana de empresários para montar o seu 23º Meeting no patrimônio histórico peruano de Cusco, em um encontro de três dias ao longo da semana passada. Negociações produtivas saíram das conversas.

O Gerente-Geral de Comércio Exterior peruano, Carlos Garcia, revelou que aumentaram muito as demandas locais por maquinários, insumos e produtos nos últimos tempos. E deu números: ao menos 500 companhias fizeram consultas nesse sentido de julho para cá, numa sinalização de investimentos que o País não via há anos. O brasileiro Juan Quirós, presidente da SP Negócios, que integrou a comitiva, apontou que as exportações brasileiras para aquele mercado cresceram, mas ainda estão muito aquém do desejável, rondando a casa de US$ 2,4 bilhões. “Precisamos ganhar musculatura nesse sentido. Nosso potencial de negócios pode chegar a algo da ordem de US$ 6 bilhões facilmente”, apontou. O comércio bilateral atualmente gira na faixa de US$ 3,9 bilhões, com vendas concentradas especialmente nos setores automobilístico, de máquinas e aparelhos mecânicos — tripé que reponde por 22% do que o Brasil exposta.

Cooperação: Antonio Garay, diretor-geral da Oficina do Peru no Brasil (1); Carlos Canales. presidente da Câmara de Turismo do Peru (2); e Luiz Fernando Furlan. Chariman do LIDE (3)

O que é importante notar na reviravolta da economia peruana é a rapidez com que isso vem se dando. Para se ter uma ideia, o país tinha há pouco mais de um ano cerca de 52% de sua população vivendo na pobreza e agora esse número caiu para 21%. “É uma transformação e tanto, operada de maneira ágil e responsável que deve gerar grandes oportunidades para nossos parceiros e vice-versa”, acredita o Diretor Geral do Conselho de Comércio do Peru no Brasil, Antônio Castillo Garay. O binômio expansão/estabilidade marca o Peru desde que ele se abriu a maiores inversões internacionais. Portentos brasileiros como Votorantim, Gerdau e Usiminas já estão explorando atividades locais no campo de minério e aço. O chairman do LIDE e ex-ministro Luiz Fernando Furlan diz que o Peru pode se converter muito em breve em um dos melhores parceiros do Mercosul para se fazer negócios, devido às áreas de interesse comuns entre ambos.

O intuito da comitiva empresarial do LIDE foi justamente esse: expandir os entendimentos em um país que cresce há oito anos consecutivos de maneira ininterrupta e que precisa de investimentos em infraestrutura e logística para se consolidar. De uma maneira geral, o acelerado desenvolvimento da economia por ali se deu baseada na alta de preços internacionais de suas principais matérias primas: metais e minérios. Há uma perspectiva de incentivo adicional para empreendimentos brasileiros ali. Está em avançado estudo a ideia de redução para 0% da taxa de impostos de importação de mercadorias brasileiras logo a partir de janeiro de 2019. Isso mesmo! Em contrapartida, o mesmo tratamento será dado no Brasil às importações de artigos peruanos. O acordo agora só depende do aval do presidente eleito, Jair Bolsonaro.