A minha empresa nasceu dentro do Camarote No 1, no Carnaval do Rio”, diz Tatianna Oliva, sócia e diretora-geral da Cross Networking, agência dedicada a criar parcerias entre marcas que tenham afinidades. Ela trabalhava no atendimento do Banco de Eventos para a Brahma quando foi procurada pelo diretor de marketing da cervejaria com uma missão: fazer com que a camiseta de uso obrigatório nas noites de folia se tornasse um objeto de desejo. “Fui atrás de um parceiro que pudesse fornecer uma camiseta de que as pessoas realmente gostassem — e que também gerasse uma economia”. Encontrado o fornecedor, ela passou a buscar parceiros para tudo o que o Camarote oferecia — exceto o chope, que tinha de ser da Brahma, claro. “A comida, o transporte, a chinelaria, e até o papel higiênico passaram a ser fornecidos por empresas parceiras. Colocamos um mordomo na porta do banheiro”, recorda Tatianna.

Criar oportunidades para que mais marcas impactassem convidados e pagantes do Camarote No 1 se tornou mais que um novo negócio. A ideia gerou uma verdadeira incubadora dentro do Carnaval. Uma inédita plataforma de sinergias que monetiza tudo o que for possível dentro daquele espaço e promove ativações pensadas para surpreender as 2.500 pessoas que o No 1 recebe por noite. “No ano passado a gente vendeu para a AirEuropa o cordão no qual a credencial é pendurada. Pagaram US$ 100 mil dólares”, diz José Victor Oliva, idealizador do Camarote e presidente da Holding Clube, empresa líder em marketing e experiências. “Todo mundo quer ter sua marca ligada a boas experiências. O encantamento ocorre quando você está relaxado. E não existe experiência mais empolgante que assistir ao Carnaval do Rio de Janeiro dentro de um ambiente totalmente seguro e excelência em cada serviço oferecido”. O Camarote permite criar valor para todas as marcas presentes naquele ecossistema. “Quem paga R$ 200 mil para colocar o cafezinho ali se beneficia de um evento todo que custa R$ 14 milhões”, afirma Tatianna. “Isso não tem nada a ver com investir em publicidade para vender mais produtos. É proporcionar algo que o consumidor não teria fora dali”, diz José Victor Oliva, que é casado com Tatianna — os dois levam a sério a ideia de parceria.

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“GESTO MÁGICO” Criado por iniciativa do publicitário Eduardo Fisher, que ao conquistar a conta da Brahma criou a slogan “a número 1”, o Camarote seguiu a assinatura da marca e até hoje mantém o mesmo nome, agora acoplado ao do portal UOL, atual patrocinador. Oliva lembra que quando o Sambódromo foi construído na Sapucaí, ocupando parte de uma área do estacionamento que pertencia à fábrica da Brahma, ele teve a ideia de convidar estrelas da TV e do esporte para assistir aos desfiles em um ambiente exclusivíssimo, inicialmente só para convidados. Eram 800 pessoas por noite. Hoje, ainda que os convidados formem boa parte do público, os ingressos são vendidos entre R$ 2,1 mil e R$ 2,7 mil. E esgotam rapidamente.
“O Carnaval tem o poder de atrair celebridades do mundo inteiro. Quando eu era pequeno minha mãe dizia que a Gina Lollobrigida iria para o Rio no Carnaval”, diz Oliva. Ele e seus sócios (entre os quais Álvaro Garnero e Flávio Sarahyba) aproveitaram esse interesse global pela festa brasileira. E já ciceronearam estrelas como Madonna, Robert de Niro, Arnold Schwarzenegger, Jennifer Lopez, Shakira, Jude Law e até a ex-primeira-dama dos EUA Barbara Bush (leia abaixo). Para quem pensa que essa gente recebe dinheiro para ir ao Camarote No 1, Oliva esclarece: “Não. A gente pode oferecer hospedagem e transporte para algumas dessas celebridades, mas não cachê”. Para quem já garantiu seu ingresso (ou convite), a programação deste ano reúne 30 atrações, de DJs badalados como Alok aos cantores Dudu Nobre e Seu Jorge. Esses, claro, recebem cachê para animar a festa.