No mundo das  motocicletas, cada modelo parece ser feito para cada tipo de pessoa. A Harley Davidson, por exemplo, é perfeita para quem é afeito a um estilo mais rebelde. Assim como a Ducati se encaixa como uma luva para os aficionados por velocidade. Considerada a “Ferrari” das motos, a marca italiana é uma lenda das pistas. E, a partir do ano que vem, essa lenda poderá ostentar o selo “Produzida na Zona Franca de Manaus”.
 

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A lenda: a top de linha 848 tem motor de 140CV, tão potente quanto o de um automóvel

No dia 24 de junho, a Superintendência da Zona Franca (Suframa) confirmou a assinatura de um protocolo de intenções com o governo italiano para planejar investimentos do setor de motos na capital do Amazonas. Entre elas, a que está mais perto de desembarcar no Brasil é a Ducati. Segundo o órgão, as negociações para a vinda da empresa, dona de um faturamento superior a 400 milhões de euros, para o Polo Industrial de Manaus estão em ritmo avançado. Sabe-se até que a superintendente da Suframa, Flavia Grosso, visitou a fábrica da marca motos aqui. Trata-se do primeiro país fora daItália a receber uma linha de produção da mítica marca. Por que escolheuo Brasil? “É um mercado extremamente interessante”, diz à DINHEIRO Pierfrancesco Scalzo, diretor de planejamento de vendas daDucati. Ele, entretanto, desconversa quando o assunto é a instalação da fábrica no País. “Não há interesse imediato”, diz.

 

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Nas telas: uma Ducati faz parte das cenas de ação de Encontro Explosivo,

filme em cartaz com Tom Cruise e Cameron Diaz

 Não é isso o que parece. As informações e o entusiasmo de Scalzo já eram do conhecimento de Carlos Ludman, presidente da importadora de motos italianas Perfect Motors, de São Paulo. “Eles têm interesse sim”, afirma Ludman. “Mas é um projeto para, no mínimo, dois anos”, continua. A vinda da fábrica da Ducati se deve, na verdade, a um nicho de mercado que está em pleno crescimento: o das motos de luxo que cresce a cada ano. Essa é a razão pela qual fabricantes de outros países começam a olhar para o Brasil. O mercado é tão interessante que a BMW, por exemplo, já fabrica.

 

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Em dezembro de 2009, inaugurou em Manaus sua única linha de produção fora da Europa, em parceria com a Dafra. Este ano, sairão de lá cerca de 1.200 unidades do modelo GS, todas para o mercado interno. Elas chegam às lojas por aproximadamente R$ 29 mil, mas custariam 30% mais se fossem importadas. 

“Acho que se a Ducati for procurar um parceiro no Brasil, será a Perfect Motors”, afirma o consultor e piloto de testes Jaime Nazário. No caso da Suzuki, por exemplo, a fabricação em Manaus é uma parceria entre a marca japonesa e o empresário e ex-piloto João Toledo, dono da J. Toledo da Amazônia. Ludman, da Perfect Motors, admite que já ofereceu à fabricante italiana suporte ao desenvolvimento dos seus planos. Para produzir suas motos em Manaus, a Ducati terá de aprovar seu projeto na Suframa. Pela animação do próprio órgão, isso não parece ser um problema.