Esperar IPO de uma gigante de tecnologia costuma mexer no mercado. O último deles foi o – frustrante – da Uber, em maio de 2019. O papel fechou o primeiro pregão em US$ 41,57 após oferta inicial a US$ 45,00. Na quarta-feira (26) fechou a US$ 32,30. Em um ano, no entanto, muita coisa mudou. Num mercado global com excesso de liquidez e apetite por riscos, como o de agora, a Palantir parece ser uma aposta e tanto. Antes de buscar no Google, saiba que se trata de uma empresa de tecnologia altamente embrenhada nas indústrias de defesa e segurança dos Estados Unidos. Um de seus investidores iniciais é Peter Thiel, cofundador do PayPal e apoiador de Donald Trump. Pelo menos o foi em 2016. A Palantir oferece software e engenheiros – que personalizam o software – para que as organizações consigam extrair e compreender grandes quantidades de dados de várias fontes, como tráfego da internet e registros de celulares. Em tese eles conseguem rastrear de terroristas a ondas de coronavírus. E isso explica o motivo pelo qual por trás dela está, entre outros, a In-Q-Tel, braço de investimentos da Agência Central de Inteligência (CIA). Mas há também clientes reluzentes do setor privado, como Airbus e Ferrari. O aguardado IPO – os documentos foram protocolados na SEC – traz uma não surpresa: a empresa não dá lucro desde sua fundação, em 2003. Apesar disso a receita é crescente. Deve chegar a US$ 1 bilhão este ano. Em 2019 foi de US$ 742,5 milhões (com prejuízo de US$ 580 milhões), segundo informações obtidas pelo The New York Times. Em rodadas de investimentos ela já levantou mais de US$ 3 bilhões e hoje é avaliada em US$ 20 bilhões.

(Nota publicada na edição 1186 da Revista Dinheiro)