Tudo indica que os parques com cataventos gigantes serão cada vez mais comuns no País. A rápida evolução dos equipamentos de geração de energia eólica vem tornando a tecnologia mais eficiente. E o Brasil ainda conta com a qualidade dos ventos. Em boas porções do Nordeste e do Sul, eles são fortes, constantes e unidirecionais. Nos últimos meses, essa matriz superou a geração por biomassa e por gás natural, tornando-se a segunda fonte mais gerada, com 8,7% — atrás apenas das hidrelétricas. “Esse salto veio no tempo correto, para termos o aprendizado fundamental e o avanço tecnológico”, diz Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica. Em 2011, a geração eólica já era a segunda fonte de menor custo do Brasil. E, em 2017, já havia projetos gerando energia por menos valor do que a usina hidrelétrica de Belo Monte (PA). Todas as grandes geradoras privadas entraram no negócio: AES, CPFL, Brookfield e Engie, por exemplo. A italiana Enel já investiu R$ 9,8 bilhões em energia renovável aqui e projeta mais € 1,6 bilhão. Hoje, tem capacidade instalada de 842 MW em eólica. Entre os seus maiores projetos está o parque eólico Lagoa dos Ventos, o maior da América do Sul, que está sendo construído no Piauí e é composto por 230 turbinas.

Outros aportes vultosos vêm de uma empresa local e iniciante. Em julho de 2017, a Omega Geração levantou R$ 593,6 milhões em sua abertura de capital. Desde então, direcionou esse montante e muito mais para sair às compras. E já anunciou R$ 5,8 bilhões em investimentos. A maior parte em energia eólica, incluindo R$ 2 bilhões pelo complexo eólico Delta 3, no Maranhão. No fim de maio, deve concluir a aquisição de um parque em Assuruá (BA), por R$ 1,9 bilhão, com potencial de gerar 303 MW. Ao todo, a empresa já tem 1.145 MW de potencial contratado, o que a coloca entre as três maiores de energia solar e eólica, e deve continuar crescendo. Afinal, possui acordo para comprar 1800 MW na região do Delta do Parnaíba, e 2000 MW em Assuruá. “Temos capacidade de ampliar em 3,5 vezes a nossa capacidade de geração apenas com esses contratos”, diz Antonio Augusto de Bastos Filho, CEO da companhia. “Estamos sempre buscando oportunidades de, mas é mais provável que a expansão aconteça com essas estruturas nos arredores de nossos ativos.”

A energia eólica ainda traz outra vantagem para o Brasil. Ao contrário da energia solar, em que a China domina a produção global de painéis, aproveitando a sua escala, e a falta de incentivos de importação de insumos torna a produção nacional menos competitiva, a indústria de equipamentos eólicos está mais protegida e atraindo fabricantes. Uma indústria de construção de equipamentos se estabeleceu no País, por meio de uma política de financiamento do BNDES.


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