O Brasil tem a maior reserva de água potável do mundo. Mesmo assim, no ano passado, quase um quarto dos municípios do País enfrentou dificuldades de abastecimento. Essa é uma realidade que tem suas raízes na falta de planejamento e investimentos por parte do poder público, além de um uso pouco eficiente do recurso. “A única maneira de solucionar a situação é convencer a classe política a financiar uma infraestrutura capaz de lidar com as secas, que estão ficando cada vez mais longas”, afirmou Benedito Braga, presidente do World Water Concil, entidade internacional que advoga em favor do tema e organiza, a cada três anos, o Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília, na semana passada.

De acordo com cálculos da entidade, essa estrutura vai demandar US$ 93 bilhões, ou R$ 300 bilhões, pelos próximos 15 anos. O mais urgente é melhorar o saneamento básico. Apenas 45% dos cidadãos brasileiros contam com coleta e tratamento de esgoto adequado, um índice vergonhoso. Na abertura do evento, o presidente Michel Temer destacou que seu governo vem buscando criar um novo marco regulatório para o setor de saneamento. Christianne Dias Ferreira, diretora da Agência Nacional das Águas, disse que o órgão deve reforçar essa agenda. “Nós fizemos e faremos sugestões de atos regulatórios”, afirmou. “Não há como falar em quantidade e qualidade de água sem falar em saneamento básico.” Durante o Fórum, porém, o Senado apenas aprovou uma lei que obriga a instalação de torneiras automáticas em banheiros coletivos.

(Nota publicada na Edição 1062 da Revista Dinheiro)