Considerada um marco na inserção do Brasil no debate mundial sobre sustentabilidade, a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20), em 2012, lançou o documento Visão Brasil 2050, inspirado no Vision 2050 —A Nova Agenda para os Negócios, do World Business Council for Sustainable Development. Neste 2020 atípico, com o mundo acometido pela Covid-19, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) está atualizando o material sob o título ReVisão 2050 — Planejando o Brasil pós-pandemia. Os levantamentos mostram que os desafios futuros serão ainda maiores. “A pandemia escancarou a desigualdade. Os números são alarmantes. É preciso unir empresas e sociedade civil na discussão de soluções”, afirma Ricardo Pereira, diretor do Cebds. O programa propõe discussões em oito áreas: Água & Saneamento, Alimentação, Biodiversidade & Florestas, Cidades, Economia Circular, Energia, Finanças e Pessoas.

Evandro Rodrigues

Hoje, 100 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto e 35 milhões sem acesso à rede de água. Para universalizar o serviço até 2033 seriam necessários investimentos anuais de R$ 23,8 bilhões. Segundo a entidade, apenas os prejuízos das empresas devido à ausência de funcionários por doenças relacionadas ao saneamento somam R$ 547 milhões por ano.

O Brasil, é claro, enfrenta outros problemas básicos: do desmatamento recorde das florestas à desbancarização, com cerca de 45 milhões de cidadãos sem conta bancária. A previsão de que a pandemia eleve a pobreza global em 20% acende um alerta quanto às escolhas que devem ser feitas pelo governo e pelas empresas. “Não há meios de sairmos desse período sem colocar a sustentabilidade em primeiro lugar. A diferença é que agora os donos do capital também já perceberam isso e incluíram o tema em sua agenda”, afirma Pereira. Com isso, o jogo pode mudar.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1179 da Revista Dinheiro)