A concessão de parques à iniciativa privada é tímida no Brasil. Mas, se depender do Instituto Semeia, organização sem fins lucrativos criada por Pedro Passos, cofundador da empresa de cosméticos Natura, isso vai mudar. O instituto vem trabalhando junto a governos e prefeituras para introduzir modelos inovadores de gestão nos parques nacionais. “Há um grande potencial de aproveitamento”, afirma Fernando Pieroni, diretor-executivo do Semeia. O cerne da atuação está no fornecimento de dados e informações.

Um estudo realizado pela entidade chama a atenção. O Brasil registrou, no ano passado, cerca de 7 milhões de visitantes nos parques nacionais. Isso equivale a uma taxa de 0,26 visitante por hectare. Ao todo, o País teve cerca de 15 milhões de visitas a áreas protegidas, que têm entrada controlada, como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Nos Estados Unidos, o National Park Service (NPS), que gerencia esses espaços, contabilizou 330 milhões de visitas a áreas protegidas, sendo 83 milhões nos parques, o que equivale a 3,9 visitantes por hectare. O modelo americano é apoiado na iniciativa privada. Pelas contas do NPS, cada dólar investido nos parques resulta em outros US$ 10 na economia.

Segundo o Semeia, existem no Brasil 59 parques com programas de parceria privada, sendo 35 deles naturais e 24 urbanos. O potencial econômico desses espaços pode chegar a R$ 16 bilhões por ano. O trabalho do instituto já vem dando resultado. Na terça-feira 27, a prefeitura de São Paulo lançou o edital da primeira concessão da cidade, que engloba seis parques, entre eles o Parque Ibirapuera, visitado por 13 milhões de pessoas por ano. A iniciativa deve render R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos.

(Nota publicada na Edição 1059 da Revista Dinheiro)