O sobrenome Malan é sinônimo de poder em Brasília. Pedro, o ministro da Fazenda, comanda um orçamento de R$ 181,6 bilhões, desfruta de um prestígio inabalável junto ao presidente Fernando Henrique, manda e desmanda na economia do País. A poucos metros de seu gabinete, na Esplanada dos Ministérios, outro Malan ? de nome Armando e que deixou as Forças Armadas com a patente de general-de-exército ? luta para provar ao primeiro que a empresa que dirige, a Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel), uma estatal vinculada ao Exército, é um negócio viável, apesar de amargar um passivo de R$ 201 milhões, boa parte em juros. Apenas duas coisas unem os dois Malan: o parentesco ? eles são primos ? e a paixão pelo Fluminense. Os planos do general, no entanto, esbarram no estilo linha-dura com que o ministro maneja a chave do cofre. No ano passado, depois de árduas negociações que envolveram vários escalões do governo, o general conseguiu a promessa de liberação de R$ 80 milhões. Os recursos seriam usados para quitar dívidas com o INSS. Com isso, a companhia voltaria a participar de concorrências das polícias estadual e federal. ?Mas o dinheiro foi bloqueado pela Fazenda?, lembra Armando Malan.

No próximo dia 29 uma comissão interministerial concluirá um estudo propondo soluções para a companhia. ?A opção pela privatização já foi descartada?, conta o general. Armando Malan de Paiva Chaves ? este é o seu nome completo ? não perde a esperança de ver a Imbel de volta aos trilhos. É sua obsessão desde setembro de 1993, quando assumiu o comando. Neste período, ele e sua ?tropa? conseguiram acertar vários alvos na mosca. Incrementaram as exportações de munição de artilharia e de armas, que colaboraram com 12% da receita de US$ 41,2 milhões, obtida em 1999. As pistolas de calibre 45 ? feitas na unidade de Itajubá (MG), uma das cinco fábricas da empresa ? equipam as forças especiais do FBI, a polícia federal dos EUA. O general está costurando um acordo com o Centro de Investigaciones Tecnologicas de las Fuerzas Armadas, da Argentina. Também fez a ?lição de casa?, como gosta de dizer o primo. Em 1994, com o intuito de reduzir custos, transferiu a sede administrativa da empresa, situada na capital paulista, para o município de Piquete. Lá, ele cumpre expediente três dias na semana. Nos outros, despacha no anexo ao prédio do Ministério do Exército. A pouco mais de 200 metros do QG do primo Pedro.