Um tribunal turco condenou nesta quarta-feira (23) o jornalista opositor no exílio Can Dündar, um grande crítico do presidente Recep Tayyip Erdogan, a 27 anos de prisão por ter tornado público um sistema de entrega de armas de Ancara a grupos islâmicos na Síria.

Dundar, que vive exilado na Alemanha, foi considerado culpado de auxiliar um grupo terrorista e de espionagem por ter publicado uma investigação em 2015, apoiada por imagens, sobre as entregas de armas pelos serviços secretos turcos.

Seu artigo foi publicado no jornal de oposição Cumhuriyet, do qual ele era chefe de redação.

Em maio de 2016, Can Dündar foi condenado em primeira instância a cinco anos e 10 meses de prisão por divulgar segredos de Estado neste assunto, o que irritou Erdogan, cujo país apoia grupos de oposição síria contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

No entanto, a sentença foi anulada em 2018 por um tribunal que ordenou um novo julgamento contra o jornalista, que também incluiu a acusação de espionagem, que pode resultar em uma pena mais severa, como foi o caso.

Em seu veredicto nesta quarta-feira, o tribunal explicou que a sentença é dividida em 18 anos e seis meses para “divulgação de informações confidenciais e espionagem”, e oito anos e nove meses para “ajuda a uma organização terrorista”, especificamente a rede do pregador Fethullah Gülen.

Gülen, que está exilado nos Estados Unidos, foi acusado por Ancara de ter organizado o golpe fracassado contra Erdogan em julho de 2016.

Dundar refugiou-se na Alemanha em 2016 após sua primeira condenação. Em uma visita a Berlim em 2018, Erdogan solicitou sua extradição e acusou-o de ser um “agente” que revelou “segredos de Estado”.