A bancada de empresários que assume no dia 1º de fevereiro terá uma tarefa que vinha sendo cumprida com sucesso apenas relativo por seus antecessores. Os 157 parlamentares que se declaram empresários, comerciantes, industriais e produtores do agronegócio terão a missão de fazer avançar uma pauta quve há anos tramita em marcha lenta ou está paralisada. São reformas essenciais para o crescimento sustentado do País. Significa aprovar mudanças que reduzam o peso da burocracia nas empresas e modernizem o ultrapassado sistema tributário, baixando a sufocante carga de impostos sobre o setor produtivo. 

 

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No centro do poder: empresários de todo o País levarão a Brasília a partir

de fevereiro as bandeiras do desenvolvimento e da competitividade 

 

A bancada é um pouco maior do que a atual de 122 parlamentares, segundo o Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar (Diap). Mas um ganho numérico que não garante avanços na difícil tarefa de mobilizar o Congresso em torno da agenda econômica do País. Eles foram eleitos entre os 2.832 candidatos que se declararam empresários, o equivalente a 14,9% das candidaturas.

 

A diferença em relação às bancadas anteriores é que essa vai legislar num cenário de crescimento na casa de 5%, em que os gargalos estruturais se tornam uma inconveniência ainda mais evidente. 

 

Por outro lado, chegam novas lideranças influentes no meio e no governo. Caso mais emblemático é o do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, senador eleito pelo PR. Sócio do maior grupo agroindustrial produtor de soja do mundo, Maggi elegeu-se para o governo, em 2002, prometendo levar prosperidade à fronteira agrícola. 

 

Em oito anos, a economia vicejou, mas poderia ter ido mais longe não fossem as deficiências de infraestrutura que dificultam e encarecem a escoação da produção agrícola. Agora, acredita poder convencer colegas e eleitores ainda pouco inclinados a assimilar as benesses das reformas. “É um discurso que precisa ser simplificado. 

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A sociedade não entende, mas sente no bolso”, disse ele. Um argumento dos líderes empresariais consiste em alertar para a convergência da pauta do setor produtivo com os interesses do País. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, lista 117 propostas em tramitação, das quais 20 figuram na agenda prioritária do setor.

 

O presidente licenciado da entidade Armando Monteiro Neto, troca a Câmara dos Deputados pelo Senado no ano que vem, e promete continuar lutando para colocar em pauta a agenda do setor produtivo: o cadastro positivo, a modernização da Lei de Licitações e o papel das agências reguladoras, proposta que dá maior segurança jurídica a setores vitais da economia.

 

Outro nome de peso no meio empresarial é o empresário goiano Sandro Mabel, relator da reforma tributária, que se reelegeu deputado federal. Diretor da CNI, o senador paraense Flexa Ribeiro também renovou o mandato. O deputado paranaense Alfredo Kaefer, dono da Globoaves, maior fornecedora de ovos férteis do País, voltará ao Congresso conclamando unidade. 

 

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“Precisamos montar uma bancada empresarial suprapartidária para defender os interesses da iniciativa privada”, disse ele. Suplentes de senador, como o industrial capixaba Sérgio Rogério de Castro, dono da produtora de embalagens Fibrasa, e Lírio Parisoto, da fabricante de CDs e DVDs Videolar, também podem assumir o mandato nos próximos anos.

 

Esse time de veteranos será reforçado com novatos, como o dono do grupo financeiro cearense MCF, Mário Feitoza, e o presidente licenciado da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Jorge Corte Real. “Nossa leis não se harmonizam com o mundo globalizado e tiram competitividade das nossas empresas.” 

 

A eleição de nomes representativos pode não render frutos se a bancada, uma massa heterogênea de empresários, não se articular em torno das bandeiras do setor produtivo. A mobilização se torna ainda mais necessária quando o tema são as grandes reformas. 

 

Os novos parlamentares terão de superar também a perda de colegas com grande poder de

interlocução, como Rodrigo Rocha Loures, da Nutrimental, e o senador e presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Adelmir Santana, que não conseguiram renovar o mandato.

 

Camilo Cola, dono da Itapemirim, será o primeiro suplente do PMDB capixaba. A ausência mais sentida talvez seja a de Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda e um entusiasta da reforma tributária.  “Abre-se um flanco. Mas, como não existem espaços vazios na política, alguém deve se apresentar como formador de opinião”, diz André César, cientista político da CAC Consultoria Política.