Presidente da CVC desde abril do ano passado, Leonel Andrade não trabalhou nem um único dia no escritório da empresa. Quando acertou sua ida à companhia, não imaginava que isso poderia acontecer, nem que enfrentaria um dos maiores desafios de sua carreira. Entre o momento em que disse “sim” aos recrutadores, em fevereiro, até o primeiro dia na CVC, a empresa mergulhou em uma crise que inclui, além das consequências da quarentena, a descoberta de uma fraude contábil na companhia.

O executivo teve de enfrentar tudo isso do escritório de sua casa. Foi até a empresa em 19 de março, antes de começar oficialmente, para uma reunião com o comitê executivo. Ali, conheceu quem se reportaria diretamente a ele. Uma parte da equipe, porém, participou por videoconferência por não estar em São Paulo. Nunca mais voltou à sede da empresa. Teve contato pessoalmente com seu time quando a pandemia arrefeceu, em novembro, e os diretores se encontraram em um pequeno hotel para três dias de reuniões – fizeram exame de covid antes.

A avaliação que Andrade faz dessa experiência é que, do ponto de vista de gestão da empresa, o home office é “perfeito”. “Às vezes é até melhor do que o presencial. Você ganha muita produtividade. Não tem distração nem deslocamento. Nunca trabalhei tanto na minha vida.”

Do ponto de vista de recursos humanos, no entanto, Andrade diz que o resultado é negativo. “Tem o lado de criar confiança e intimidade. Faz muita falta não ter o cafezinho, o almoço em que você também fala da vida pessoal ou faz uma brincadeira. Isso descontrai, melhora o relacionamento profissional.”

Para tentar contornar a dificuldade, o executivo tem buscado descontrair no início das reuniões. O esforço na comunicação também foi redobrado, dado que as reuniões virtuais não geram, na percepção de Andrade, o mesmo grau de entendimento. “Em uma sala presencial você tem uma percepção mais clara de tudo. Você nota como os outros reagem melhor”, diz. “No virtual, precisa ter mais disciplina de reiterar o que foi dito, checar o entendimento e voltar ao assunto frequentemente.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.