Não está difícil notar o tamanho das mudanças empreendidas no País nos últimos tempos. Especialmente na economia, o quadro virou da água para o vinho. O controle dos gastos nas estatais, o teto orçamentário, a lei trabalhista, a negociação das dívidas dos Estados. Em vários campos o que estava emperrado ou com resultados terríveis melhorou. Decorrente da situação, os indicadores monetários ganharam outra dimensão. Os juros foram ao piso histórico.

A inflação idem. O câmbio estabilizou. O crédito destravou. O desemprego caiu. Os investimentos subiram e com eles cresceram a produção, o consumo e, principalmente, a sensação de que o Brasil partiu para uma nova e promissora etapa. Longe da penúria recessiva que teve morada por aqui por longo período. A crise de expectativas que fazia todo mundo parar, temendo o amanhã, parece definitivamente banida. A bolsa brasileira vem refletindo com frequência a onda positiva que assola o mercado. Na semana passada ela registrou a sétima valorização seguida e bateu recorde. Recorde sobre recorde, perto dos 78 mil pontos. O clima na indústria, no varejo e na maioria das atividades não poderia estar melhor. Os números confirmam uma virada de ano bem mais otimista. O Índice de Confiança Empresarial, por exemplo, atingiu em dezembro passado o maior pico dos últimos quatro anos e analistas acreditam que ele subirá bem mais ao final deste mês. Tome-se o caso do setor automobilístico, que vive uma primavera de vendas após ter passado por enormes dificuldades. Nada poderia ser, no entanto, mais representativo dessa fase de retomada do que as exportações que voltaram a crescer após cinco anos de recuo.

O saldo comercial atingiu promissores US$ 67 bilhões. É o melhor já alcançado desde o início da série histórica em 1989. Digno de nota, decerto, é a ampliação de encomendas e do número de compradores interessados nos produtos nacionais. Os automóveis foram estrelas, com os fabricantes daqui fechando grandes negócios lá fora. Os contratos de petróleo também ganharam destaque. E eis no caso uma conquista significativa. Historicamente o Brasil era importador líquido do combustível, mas de uns tempos para cá vendeu mais ao exterior do que comprou, engordando o saldo da balança comercial.

No panorama geral percebe-se uma era de transformações. E tudo isso em um ano. Curioso verificar que o mesmo Governo responsável pelos ajustes que viabilizaram essa virada tem experimentado índices altos de impopularidade. Colocou o País nos trilhos no breve período de poder, com uma gestão de transição, e não recebeu ainda o devido reconhecimento pelo feito. Está mais do que na hora de se fazer justiça. Se os números não mentem, há de se fazer jus aos responsáveis por eles.

(Nota publicada na Edição 1051 da Revista Dinheiro)