Restaurantes, bares e lanchonetes fechados. Hotéis falidos. Lojas inadimplentes com os shoppings. Agências de viagens e companhias aéreas em recuperação judicial… O retrato pós-guerra da economia brasileira mostra que, sob qualquer ponto de vista, as empresas agonizam por socorro. Com quase um ano de atraso – em 2020, Paulo Guedes chegou a declarar que era preciso salvar grandes companhias e não o pequeno empresário –, o governo resolveu tornar permanente o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, mais conhecido como Pronampe. A medida, que no começo da pandemia poderia ter salvado empresas e empregos, chega em um momento em que apenas 33% das indústrias conseguem funcionar plenamente e 25% já precisaram demitir funcionários.

Os dados alarmantes são do Sindicato da Micro e Pequena indústria do Estado de São Paulo (Simpi), entidade que representa 42% das empresas desse porte do Brasil. Segundo o presidente do sindicato, Joseph Couri, 40% das pequenas indústrias perderam fornecedores que faliram ou entraram em recuperação judicial, e 45% disseram ter perdido clientes da mesma forma. Nesse contexto de guerra, o suporte financeiro parece não ter chegado na ponta. Por que? Primeiro a empresa deixa de fazer bons negócios, depois atrasa pagamentos, depois cai em um ciclo recessivo e não tem acesso a crédito.

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“Primeiro a empresa deixa de fazer bons negócios, depois atrasa pagamentos e não tem crédito” Joseph Couri Presidente do Simpi.

Ainda que haja relatos de empresários que não conseguiram obter crédito nas primeiras edições do Pronampe (que foi criado em 2020 em caráter temporário e só agora se tornou permanente) o governo definiu que os bancos que emprestarão aos empresários terão fiança dos recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO). A expectativa é ter R$ 5 bilhões no FGO neste ano, podendo abrir crédito de até R$ 16 bilhões. O fundo cobrirá as perdas de até 30% do valor da carteira. Em 2020, a cobertura era de 85%. E não foi só a cobertura que diminuiu. Agora os juros anuais serão contados a partir da Selic (hoje em 3,5% ao ano) mais 6% (com uma taxa efetiva de 9,5%). Na versão anterior do programa era a Selic mais 1,25%.)O prazo para pagamento dos empréstimos permanecerá em 36 meses, com oito meses de carência. O governo prevê que o programa empreste R$ 25 bilhões até o final do ano.

A estimativa da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), entidade composta por 31 instituições financeiras de desenvolvimento que compõem o Sistema Nacional de Fomento (SNF). O presidente da ABDE, Sergio Gusmão Suchodolski, diz que o plano é que os recursos comecem a chegar nas empresas na segunda quinzena de junho.