A cúpula do G7 no Canadá termina neste sábado com as últimas negociações para salvar as aparências, sem realmente reduzir as fraturas abertas por Donald Trump, que impôs seu ritmo aos parceiros no limite da paciência.

O presidente dos Estados Unidos, com a cabeça na reunião de terça-feira (12) em Singapura com o líder norte-coreano Kim Jong Un, chegou 45 minutos atrasado neste sábado para um café da manhã dedicado à igualdade entre os sexos.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anfitrião deste ano do “Grupo dos Sete” (Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão), já havia aberto os debates quando o bilionário republicano fez sua entrada.

Sexta-feira, o presidente americano já havia sido o último a chegar ao hotel La Malbaie, com vista para o majestoso rio Saint-Laurent, na região de Charlevoix (Quebec, leste do Canadá).

E será o primeiro a deixar neste sábado as discussões, dedicadas às mudanças climáticas e com vários países convidados.

Donald Trump terá passado apenas vinte e quatro horas com os aliados históricos dos Estados Unidos, reunidos no Canadá pelos representantes de uma ordem mundial multilateral que Washington parece determinada a dinamitar: por exemplo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ou a chefe do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.

Um confronto de curta duração, mas amplamente suficiente para trazer à tona os desacordos gritantes entre os Estados Unidos e seus aliados, no mesmo momento em que, do outro lado do Pacífico, os chefes de Estado russo, iraniano e chinês se reúnem numa cúpula este final de semana.

– Comunicado dos sete? –

O calendário fez coincidir a cúpula do G7 com a reunião anual da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), para a qual o Irã é convidado este ano, na grande cidade costeira chinesa de Qingdao.

Para evitar um contraste muito grande entre os países ricos dilacerados e as potências emergentes bem alinhadas, as delegações reunidas em Quebec tentarão até o último minuto salvar as aparências dando à luz uma declaração conjunta.

O comércio é obviamente o principal ponto de discórdia nesta primeira reunião do G7 após a entrada em vigor das novas tarifas americanas sobre as importações de aço e alumínio.

O Irã e o meio ambiente são outras duas grandes questões de disputa entre o presidente dos Estados Unidos, que denunciou o acordo nuclear iraniano e o acordo climático de Paris, e seus aliados.

Os chefes de Estado e de Governo tiveram um bom desempenho na sexta-feira para a foto de família, sob um céu brilhante. Mas também deixaram claras suas posições, segundo duas fontes próximas às negociações.

No comércio, em particular, os europeus tentaram impor os argumentos numéricos contra uma “longa ladainha de recriminações” do presidente americano.

Nestas condições, é difícil imaginar um “comunicado comum” na grande tradição das reuniões do G7, listando as boas intenções das potências mundiais em questões econômicas, diplomáticas e ambientais.

Se o próprio Donald Trump disse acreditar na divulgação de tal comunicado, os membros das delegações evocam apenas um compromisso.

Isso tomaria concretamente a forma de um texto assinado por sete mãos para certas partes consensuais, e reservando certos parágrafos separados para a opinião dissidente dos Estados Unidos sobre os pontos mais sensíveis.

Outra hipótese seria a publicação de uma “declaração” assinada pela presidência canadense do G7 e declarando os desacordos – uma diferença tão importante para os diplomatas quanto sutil para o público em geral.