A União Europeia (UE) reabriu suas fronteiras nesta quarta-feira aos visitantes de 15 países, que não incluem Estados Unidos e Brasil, onde as mortes por coronavírus prosseguem em ritmo acelerado.

A lista de países considerados suficientemente seguros para permitir que seus residentes entrem na UE não inclui Reino Unido, Rússia, Brasil ou Estados Unidos, onde o número de mortes superou na terça-feira 1.000 vítimas fatais pela primeira vez desde 10 de junho. O único país latino-americano da relação é o Uruguai.

Estados Unidos lideram a lista de países mais afetados pela pandemia, com mais de 127.000 mortos e quase 2,63 milhões de contágios, seguido pelo Brasil (mais de 59.000 mortes e mais de 1,4 milhão de casos).

Mais de 511.000 pessoas faleceram no mundo desde o surgimento da doença, de acordo com um balanço da AFP.

Anthony Fauci, especialista americano em doenças infecciosas, afirmou que os Estados Unidos podem alcançar 100.000 casos diários se persistir a tendência atual.

Vários estados do país anunciaram 14 dias de quarentena aos viajantes de outros.

A UE espera que a flexibilização das restrições leve oxigênio ao turismo, setor asfixiado pela proibição das viagens não essenciais desde meados de março.

Nesta quarta-feira, hotéis e restaurantes receberam os primeiros turistas nas ilhas da Grécia, país que registrou 200 mortes provocadas pela COVID-19 e que viu sua economia muito abalada pelas medidas de confinamento.

Romanian Cojan Dragos foi o “primeiro turista” em um hotel de Corfu. “Temos o hotel inteiro para nós. Está vazio, os restaurantes e lojas estão fechados, é triste”, declarou à AFP, na expectativa para a chegada de outros visitantes.

Espanha e Portugal reabriram a fronteira terrestre, fechada desde 16 de março, quando Lisboa decidiu proteger seu território da pandemia que avançava em ritmo acelerado no país vizinho.

Portugal é um dos países menos afetados da Europa pela pandemia (1.576 mortes e 42.141 casos confirmados), enquanto a Espanha é um dos mais atingidos (28.355 mortos e mais de 248.000 casos).

Os viajantes procedentes da China, onde o vírus surgiu no fim do ano passado, só poderão entrar no bloco se Pequim aplicar a medida de reciprocidade e abrir suas portas aos residentes na UE.

– Mais de 400.000 mortos –

Com mais de 10,5 milhões de casos declarados no mundo, a pandemia “está longe do fim”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A situação se vislumbra catastrófica na América Latina e Caribe, onde a pandemia de COVID-19 pode deixar mais de 400.000 mortos em três meses caso não sejam adotadas decisões com base em dados epidemiológicos “detalhados”, advertiu a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

“A América Latina e o Caribe devem ter mais de 438.000 falecidos por COVID-19 nos próximos três meses”, alertou Carissa Etienne, diretora da OPAS, em entrevista coletiva.

América Latina e Caribe registram mais de 116.000 mortes e mais de 2,5 milhões de casos, de acordo com o balanço atualizado pela AFP na manhã desta quarta-feira, com base em dados oficiais.

O pico de contágios acontecerá em momentos diferentes. Chile e Colômbia devem registrar o ponto máximo nos próximos 15 dias, enquanto na Argentina, Bolívia, Brasil e Peru isto deve acontecer em algum momento de agosto.

Na América Central e México, em meados de agosto, mas na Costa Rica deve acontecer apenas em outubro.

“Estas projeções serão atingidas apenas se as condições atuais persistirem e podem ser modificadas se os países tomarem as decisões corretas”, disse Etienne, que pediu que a pandemia seja confrontada com dados “cada vez mais detalhados” e com “flexibilidade”.

Apesar da reabertura das fronteiras na UE, os países membros enfrentam focos isolados do coronavírus. Portugal, Alemanha e Reino Unido adotaram confinamentos para áreas específicas.

– Pico nos EUA –

Nos Estados Unidos, Anthony Fauci, integrante da equipe de resposta do presidente Donald Trump, advertiu ao Congresso que as autoridades não têm o controle total no momento.

“Estou muito preocupado e não estou satisfeito com o que está acontecendo, porque estamos indo na direção errada”, disse Fauci.

“Eu não ficaria surpreso se chegarmos a 100.000 casos por dia se isso não mudar”, acrescentou.

Texas e Flórida, que estão entre os estados mais populosos do país, registram um aumento expressivo de casos e devem ser controlados rapidamente, advertiu.

A advertência de Fauci reforçou as dúvidas sobre a capacidade dos Estados Unidos para controlar uma pandemia.

A oposição democrata, incluindo o provável rival de Trump na eleição de novembro, Joe Biden, acusa o presidente de falta de liderança na mitigação da pandemia.

Trump, que se nega a usar máscara, afirma que deseja virar a página da crise do coronavírus e se concentrar na campanha pela reeleição.

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