Dirigentes europeus confirmaram, nesta quinta-feira (17), em Sófia, a “perspectiva europeia” tantas vezes prometida aos países dos Bálcãs, região onde a Rússia tenta ampliar sua influência, mas sem esconder suas reservas quanto a uma ampliação rápida de uma UE em plena reformulação.

“Se não há perspectiva europeia nos Bálcãs, a influência turca e outras se tornam mais fortes. Não queremos que isso aconteça”, declarou o chefe do governo austríaco, o conservador Sebastian Kurz.

Depois de um jantar dedicado, na véspera, à frente unida que a UE quer opor aos “caprichos” do presidente americano, Donald Trump, os chefes de Estado e de governo europeus se reuniram com seus colegas de Albânia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedônia e Kosovo.

Uma cúpula nesse formato é a primeira “em 15 anos”, apontou o presidente do Conselho europeu, Donald Tusk, destacando o apelo dos 28 a “que a perspectiva europeia permaneça como a escolha geoestratégica dos Bálcãs ocidentais”.

“Essa cúpula é, talvez, um ato simbólico, mas ele pode deflagrar um pouco mais de dinamismo”, afirmou o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, cujo país assume a presidência rotativa da UE em julho.

“É importante para nós também, porque, se não há uma perspectiva europeia nos Bálcãs, a influência turca e outras influências se tornam cada vez mais fortes”, advertiu Kurz.

A declaração final em nome dos líderes da UE e seus parceiros dos Bálãs, evita a palavra “adesão”, e se refere apenas a “parceiros”.

Vários líderes europeus baixaram o tom quanto a uma adesão rápida dos países dos Bálcãs à UE.

“Sou favorável à adesão dos Bálcãs com a Europa e para a Europa, mas acho que é preciso olhar qualquer nova ampliação com muito cuidado e rigor”, ressaltou o presidente francês, Emmanuel Macron.

“É preciso ajudar todos os países que estão fazendo reformas e que avançam na direção da Europa”, considerou Macron, mas, antes de pensar em uma ampliação, a UE deve, primeiro, realizar uma “verdadeira reforma permitindo um aprofundamento e um melhor funcionamento” a 27, após a saída dos britânicos em 2019.

– ‘Conectividade’ –

Assim como os outros, a França considera que as adesões rápidas acordadas nesses últimos 15 anos a países do Leste Europeu são uma das causas das dificuldades atuais do bloco.

Na declaração final da cúpula, os europeus evitam, assim, empregar as palavras “adesão”, ou “ampliação”.

Abrem-se, porém, ao tema da “conectividade” pela promessa de investimentos em infraestruturas de transportes dos Bálcãs, trocas educacionais e culturais e laços reforçados frente aos “desafios comuns”, entre eles segurança e migração.

A UE se diz “decidida a reforçar e a intensificar sua ação em todos os níveis para apoiar a transformação política, econômica e social da região”, em um texto sobre o programa de ações.

As autoridades europeias lembraram que os 28 terão outros encontros em junho para discutir a adesão à UE. E decidir, principalmente, se aceitam abrir negociações com Albânia e Macedônia, como propõe a Comissão Europeia.

Até o momento, as discussões de adesão tiveram início apenas com Sérvia (em 2014) e Montenegro (em 2012), países os quais o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, gostaria de ver como membro da União “até 2025”.

Para o primeiro-ministro belga, Charles Michel, antes de tudo, os países dos Bálcãs devem garantir entre eles “mais estabilidade e menos tensão”.

Os europeus se preocupam, sobretudo, com as tensões entre Sérvia e sua antiga província do Kosovo. Cinco Estados-membros (Espanha, Grécia, Chipre, Eslováquia e Romênia) não reconhecem a declaração unilateral de independência do Kosovo de 2008.