Negociadores da União Europeia (UE) e do Reino Unido reconheceram nesta quarta-feira (4) que persistem sérias divergências, principalmente no setor da pesca, apesar das intensas negociações para tentar se chegar a um acordo sobre a relação comercial pós-Brexit.

“Apesar dos esforços da UE para encontrar soluções, persistem sérias diferenças”, disse o negociador europeu Michel Barnier em um tuíte nesta quarta.

“Foram feitos progressos, mas concordo com Michel Barnier”, admitiu alguns minutos depois o seu homólogo britânico, David Frost.

Suas equipes acabaram de passar duas semanas negociando sem parar na esperança de chegar a um acordo antes de meados de novembro.

O prazo é considerado o limite, que, se superado, um potencial acordo comercial não poderá entrar em vigor a tempo de 1º de janeiro de 2021, quando o Reino Unido, que deixou oficialmente a União Europeia em 31 de janeiro, deixará de aplicar as normas europeias.

Os dois negociadores devem conversar novamente na sexta-feira, antes de as conversas serem retomadas formalmente no domingo em Londres, segundo uma fonte diplomática.

“Frost precisava de tempo para explicar a situação em Londres”, disse ele.

Segundo Barnier, as negociações continuam enfrentando obstáculos em três pontos sensíveis, que são o alinhamento das regras em matéria de concorrência, solução de litígios e pesca.

“Estas são condições essenciais para qualquer parceria econômica”, insistiu, acrescentando que a UE está “preparada para todos os cenários”. Inclusive o de um “não acordo”, apesar de suas consequências potencialmente desastrosas para as economias já profundamente afetadas pelo coronavírus.

Barnier relatou essas discussões com os estados-membros na quarta-feira, depois com representantes do Parlamento Europeu.

A UE iniciou um “processo de infração” contra o Reino Unido no começo de outubro. Até agora, Londres não levou essa medida em consideração.