Por Christian Kraemer e Matthias Williams

BERLIM (Reuters) – Um funcionário de alto escalão do governo alemão disse nesta quinta-feira que o Twitter deveria se juntar a outras empresas de tecnologia para ser monitorado diretamente pela Comissão Europeia, dizendo que o comportamento errático da empresa sob a gestão de Elon Musk representa uma ameaça à liberdade de expressão.

Sven Giegold, secretário de Estado responsável pela política de concorrência no Ministério da Economia da Alemanha, destacou a suspensão abrupta de contas de jornalistas no Twitter e restrições de acesso a alguns links.

Em uma carta a dois comissários europeus, Giegold pediu à União Europeia que inicie uma investigação e disse que a Comissão tem que agir para impedir o que chamou de “comportamento anticompetitivo” da rede social.

O Twitter não comentou o assunto. A Comissão Europeia confirmou o recebimento da carta e disse que responderá oportunamente, acrescentando que está acompanhando de perto os desenvolvimentos no Twitter.

“Termos e condições gerais que mudam quase a cada hora, justificativas erráticas para restrições extensas de links e bloqueio de jornalistas ameaçam a liberdade de concorrência e representam um risco à liberdade de expressão, informação e imprensa”, escreveu Giegold.

Os reguladores alemães já estão pressionando as instituições governamentais para suspenderem a publicação de anúncios exclusivamente em plataformas privadas, divulgando alternativas como a incipiente rede descentralizada de mídia social Mastodon.

De acordo com os novos regulamentos da Comissão sobre mercados digitais, o órgão assumirá a supervisão sobre grandes plataformas da internet como Facebook e Google, disse Giegold.

“No entanto, o Twitter ainda não é classificado como uma plataforma digital dominante, até porque a receita da empresa ainda é muito baixa”, afirmou. “No entanto, o Twitter exerce uma grande influência na formação da opinião pública em todo o mundo e também na Europa.”

A Comissão Europeia disse ainda que está trabalhando rapidamente para implementar os novos regulamentos sobre os mercados digitais, acrescentando: “No que diz respeito ao Twitter e aos últimos desenvolvimentos: O poder das grandes plataformas sobre o discurso público necessita das salvaguardas necessárias para que os direitos fundamentais sejam efetivamente protegidos”.