A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, considerou nesta terça-feira (22) que os Estados Unidos não irão prorrogar as isenções em vigor para suas pesadas tarifas ao aço e ao alumínio a partir de 1º de junho, e pediu ao bloco que se prepare para “diferentes cenários”.

“O prazo vence em 1º de junho (…) Não acredito que se prolongue a isenção. De modo que haverá algum tipo de decisão, e temos de nos preparar para diferentes cenários”, disse Malmström, ao chegar a uma reunião de ministros europeus do Comércio em Bruxelas para abordar a situação.

Em março, o presidente americano, Donald Trump, promulgou uma tarifa de 25% para as importações de aço, e de 10%, para as de alumínio. Na época, aplicou uma isenção temporária aos produtos procedentes de países como Canadá, México, Brasil, Argentina, Austrália, ou União Europeia (UE).

Desde então, a comissária europeia do Comércio, que negocia em nome dos 28, conversa “várias vezes por semana” com o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, para conseguir uma isenção permanente.

“Ainda não temos clareza”, reconheceu Malmström.

À medida que o fim dessa isenção temporária se aproxima, a estratégia europeia passa por defender que não negociam com “uma pistola na cabeça” e mostrar, ao mesmo tempo, que estão dispostos a responder as preocupações de Trump, se ele decidir recuar nas tarifas.

“Somos aliados, não somos vassalos”, disse hoje o secretário de Estado francês das Relações Exteriores, Jean-Baptiste Lemoyne.

“Podemos, devemos fazer trocas comerciais onde quisermos, quando quisermos, com quem quisermos”, apontou.

– ‘Insuficientes’ –

Na última quarta-feira, em um jantar informal em Sófia, os presidentes da UE confirmaram essa eventual isenção permanente como uma linha vermelha para “participar de conversas e ver como [se pode] facilitar as relações comerciais”, nas palavras da comissária europeia.

Em caso de uma isenção permanente, os líderes se disseram dispostos a negociar uma redução das barreiras tarifárias na indústria, aproximar as regulamentações, aprofundar as relações em matéria de energia e trabalhar em uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Recentemente, a Comissão Europeia abriu as portas para uma discussão sobre um acordo comercial “limitado”, que cobriria unicamente os direitos de aduana sobre produtos industriais, como veículos, e a abertura dos mercados de contratação pública.

“Acho que os Estados Unidos consideram que é insuficiente”, disse Malmström nesta terça.

Ao mesmo tempo, os europeus também se preparam para retaliar, em caso contrário.

Na sexta-feira, a Comissão Europeia anunciou ter comunicado à OMC “uma lista de produtos americanos sobre os quais poderia, no futuro, aplicar tarifas de importação adicionais”. Entre eles, estariam alguns bastante representativos do mercado americano, como manteiga de amendoim, jeans e uísque bourbon.

A UE, que em 2017 exportou para os Estados Unidos 5,3 bilhões de euros (6,25 bilhões de dólares) em aço, e 1,1 bilhão, em alumínio, busca assim “compensar de maneira equivalente o impacto das medidas tarifárias americanas”, da ordem de 2,8 bilhões de euros.