(Reuters) – A fabricante ucraniana de aviões Antonov desmentiu a informação de mais cedo do governo do Estado de São Paulo nesta quarta-feira sobre possíveis investimentos no Brasil.

A Secretaria de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo havia divulgado comunicado afirmando que representantes da Antonov Company decidiram suspender as negociações “diante das últimas declarações do governo federal”.

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Durante visita a Abu Dhabi, há 10 dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo ucraniano é um dos responsáveis pela guerra com a Rússia e criticou Estados Unidos e a Europa por apoiarem com armas a Ucrânia, repetindo comentários anteriores.

Diante da repercussão negativa, Lula fez novas declarações procurando reforçar a condenação da invasão russa. Em seu primeiro discurso durante a visita à Espanha, na quinta-feira, o presidente disse que “não se pode aceitar que um país invada a integridade territorial de outro”.

Em sua conta no Facebook, a empresa ucraniana disse que estão sendo divulgadas “informações incorretas… sobre a alegada suspensão das negociações da Companhia Estatal Antonov sobre o suposto início da produção de aeronaves no Brasil”.

A Antonov afirmou que “realiza consultas regulares com parceiros estrangeiros de diferentes países”, incluindo o Brasil, “dentro de suas atividades de promoção de produtos e serviços nos mercados estrangeiros”.

“No entanto, a DP Antonov não tem seu representante autorizado no Brasil e não deu a nenhuma pessoa, incluindo escritórios de advocacia, qualquer autoridade para representar os interesses da empresa.”

A secretaria paulista havia informado que “no dia 11 de abril, recebeu representantes de Oleksandr Nykonenko e Victor Avdeyev, conselheiro e vice-presidente da Antonov Company, para audiência a respeito do interesse da estatal ucraniana Antonov desenvolver atividades no Brasil, em especial no Estado de São Paulo”.

“Posteriormente, os participantes da reunião entraram em contato, por e-mail, informando que ‘diante das últimas declarações do governo federal, a Antonov decidiu suspender as negociações'”, acrescentou a nota da secretaria paulista.

A empresa ucraniana, no entanto, destacou que está interessada em desenvolver cooperação com o Brasil no campo de tecnologias de aviação, e apreciará iniciativas oficiais do lado brasileiro para “o estabelecimento de cooperação mutuamente benéfica”.

Em nota à Reuters, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse não ter conhecimento de tratativas da estatal ucraniana para instalar unidades fabris no Brasil.

“O governo brasileiro não recebeu pedidos de reunião com representantes do grupo ucraniano para tratar de projetos dessa natureza”, disse o ministério.

Procurada no início da noite para comentar a publicação da Antonov, a assessoria do governo do Estado de São Paulo não respondeu de imediato.

 

(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e Patricia Vilas Boas, em São Paulo)

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