As tensões entre Rússia e Ucrânia estão, novamente, nas manchetes dos principais jornais do mundo neste início de 2022. 

Isso tudo acontece por conta da importância estratégica da Ucrânia na região, que faz fronteira tanto com a Rússia quanto com países da União Europeia. Uma parcela grande dos ucranianos flertam há anos com uma aproximação hora com russos, hora com europeus.

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Em 2014 aconteceu a derrubada do presidente ucraniano Viktor Yanukovych após manifestações de rua que foram notícia no mundo todo. Isso significou uma forte reação russa, que anexou a região da Crimeia.   

As tensões nesse começo de ano se dão por conta de uma ofensiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no país, de acordo com as palavras do primeiro-ministro russo Vladimir Putin, o que seria uma grande ameaça para a Rússia.

Apesar disso, o Kremlin descarta qualquer invasão ao território ucraniano. Representantes dos Estados Unidos e da Otan, no entanto, acreditam que a invasão é iminente.  

Posição norte-americana

Apesar do posicionamento oficial, os Estados Unidos acusam o governo russo de ter mais de 100 mil soldados na fronteira dos dois países. Além disso, os norte-americanos afirmam que sabotadores foram enviados pela Rússia para a Ucrânia a fim de simular um incidente que justificasse o movimento militar.

Os EUA também estariam dispostos a realizar sanções a Moscou caso aconteça alguma invasão do território ucraniano. No domingo, o país pediu o retorno dos familiares de seus diplomatas que atuam na Ucrânia por conta do que o departamento de estado norte-americano chamou de “ameaça contínua” de invasão. 

O advogado especialista em direito internacional do escritório Toledo e Advogados Associados Daniel Toledo, criticou a posição norte-americana e a chamou de “irresponsável”. 

“Estão jogando álcool na fogueira e querendo ver o circo pegar fogo. O grande problema disso é que os EUA querem demonstrar força no território dos outros. Isso acaba sendo péssimo para a imagem dos EUA”, acredita. 

Posição Europeia

Apesar de o Reino Unido estar alinhado com os Estados Unidos sobre a iminência da invasão, a União Europeia adota uma postura um pouco mais cautelosa. 

O chefe da diplomacia da UE Josep Borrell afirmou que o bloco não vê necessidade de tomar uma atitude tão drástica agora, mas que vai aguardar mais informações do secretário de estado norte-americano Antony Blinken. 

A questão chinesa

Outra peça que é preciso ficar atento nessa tensão é a China. 

Toledo afirma que caso as tensões entre a Europa e Rússia se intensifiquem poderá acontecer uma aproximação maior da Rússia com a China que não seria bom para a União Europeia.  

“Se a Europa não se aproximar da Rússia ela vende o petróleo e o gás para a China e o prejuízo dela será zero. Isso também vai significar uma aproximação maior contra um inimigo comum. Se a Rússia se aproximar mais da Europa a China segue isolada”, encerrou.