Por Oleksandr Kozhukhar e Pavel Polityuk

LVIV/KIEV (Reuters) – Autoridades ucranianas disseram que um ataque russo com mísseis matou sete pessoas em Lviv nesta segunda-feira, as primeiras vítimas civis na cidade perto da fronteira com a Polônia, enquanto forças da Ucrânia impediam a Rússia de assumir o controle total da cidade portuária de Mariupol, onde a situação é “extremamente difícil”.

O governador de Lviv, Maksym Kozytskyy, afirmou que relatos preliminares sugerem quatro ataques a Lviv, que fica a apenas 60 quilômetros da fronteira polonesa: três a depósitos que não estão sendo usados pelos militares e outro em uma estação de serviço de automóveis.

“Foi um ataque bárbaro em um posto de serviços, é uma instalação completamente civil”, disse ele em entrevista coletiva.

Andriy Sadoviy, prefeito de Lviv, afirmou que a vítima mais jovem entre os sete mortos tinha 30 anos. A explosão também feriu 11 pessoas e quebrou janelas de um hotel que abriga ucranianos retirados de outras partes do país, acrescentou.

“Sete pessoas pacíficas tinham planos para a vida, mas hoje suas vidas foram interrompidas”, disse o prefeito.

A Rússia nega atacar civis e rejeita o que a Ucrânia afirma ser evidência de atrocidades, dizendo que a Ucrânia as encenou para minar as negociações de paz. Moscou chama sua ação, lançada há quase dois meses, de uma operação militar especial para desmilitarizar a Ucrânia e erradicar o que classifica de nacionalistas perigosos.

Países ocidentais e Kiev acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de agressão não provocada.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que atingiu centenas de alvos militares na Ucrânia durante a noite, e que destruiu 16 instalações militares ucranianas nas regiões de Kharkiv, Zaporizhzhia, Donetsk, Dnipropetrovsk e Mykolayiv, no sul e leste do país, com mísseis lançados do ar.

Acrescentou que a Força Aérea da Rússia lançou ataques contra 108 áreas onde as forças ucranianas estavam concentradas e a artilharia russa atingiu 315 alvos militares ucranianos durante a noite.

Afastados pela resistência ucraniana no norte, os militares russos reorientaram sua ofensiva terrestre nas duas províncias do leste conhecidas como Donbass, ao mesmo tempo em que lançavam ataques de longa distância em outros alvos, incluindo a capital, Kiev.

Agora estão tentando assumir o controle total da cidade portuária ucraniana de Mariupol, sitiada há semanas e que seria uma grande conquista estratégica, ligando o território de separatistas pró-Rússia no leste com a região da Crimeia, que Moscou anexou em 2014.

O Gabinete do Alto Comissariado da ONU disse nesta segunda-feira que o número de civis mortos na guerra na Ucrânia ultrapassou 2.000 desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, chegando a 2.072 em 17 de abril.

BATALHA POR MARIUPOL

A situação em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, é “extremamente difícil”, mas a cidade não foi totalmente controlada pelas forças russas, disse um porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia nesta segunda-feira.

O porta-voz Oleksandr Motuzyanyk também declarou que os bombardeios de aeronaves militares russas aumentaram mais de 50% nos últimos tempos e que a infraestrutura da Ucrânia passou a ser mais atacada.

A Ucrânia pediu à Rússia que facilite um corredor humanitário para os retirados de Mariupol e de uma siderúrgica que é a última área significativa de resistência ucraniana na cidade.

“Apelamos por um corredor humanitário urgente do território da fábrica de Azovstal para mulheres, crianças e outros civis”, disse a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk em um post no serviço de mensagens Telegram.

A siderúrgica Azovstal é uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa, que cobre mais de 11 quilômetros quadrados e tem vista para o Mar de Azov.

Às vésperas da guerra, Mariupol era a maior cidade ainda ocupada pelas autoridades ucranianas em Donbass, que Moscou exigiu que a Ucrânia cedesse aos separatistas pró-Rússia.

((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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