Os ucranianos votam, neste domingo (21), em eleições legislativas, nas quais o novo presidente do país, Volodimir Zelenski, espera obter uma maioria para cumprir suas promessas de mudança.

A votação começou às 08h00 (02h00 de Brasília) e terminará às 17h00 GMT (14h00 de Brasília).

Zelenski, um ator novato na política que venceu a eleição presidencial em abril, dissolveu o atual Parlamento, hostil a ele, e convocou legislativas antecipadas.

Incapaz de nomear um governo nos dois primeiros meses de exercício, teve que se limitar a declarações de intenções. De acordo com as pesquisas, Zelenski continua a ter um forte apoio, assim como seu partido, Servo do Povo.

A formação – batizada em homenagem a uma série de TV com o mesmo nome em que Zelenski interpretou um presidente – conta com metade das intenções de voto.

O partido se orgulha de ter “lançado um desafio ao sistema” para trazer “mudanças” e “limpar o país da corrupção” onipresente, a fim de seduzir o eleitorado de um dos países mais pobres da Europa, atingido por uma guerra contra os separatistas pró-russos que deixaram mais de 13.000 mortos em cinco anos.

“Não vemos uma coalizão com o antigo poder”, disse Zelenski neste domingo, após votar em um bairro residencial de Kiev. Ele informou que há “consultas” em andamento sobre a nomeação do futuro primeiro-ministro.

“Esse homem tem que ser um economista absolutamente profissional, sem nenhum passado político”, acrescentou.

– Nova era política –

Depois das eleições, um “novo governo de profissionais e tecnocratas” será formado com o objetivo de transformar a economia ucraniana em “uma das mais dinâmicas da Europa”, disse Zelenski na quinta-feira.

As pesquisas referem-se apenas à metade dos deputados eleitos por sufrágio proporcional, de modo que resta saber se o seu partido obterá uma maioria absoluta ou se deverá formar uma coalizão para nomear um governo.

Na Ucrânia, 225 legisladores são eleitos por voto proporcional, e os outros 199 são eleitos por sufrágio majoritário em um turno.

De acordo com as pesquisas, o partido presidencial é seguido pelos pró-russos da Plataforma de Oposição (entre 10 e 13% das intenções de voto), cujo número três, Viktor Medvedchuk, é uma figura controversa, poderoso no início dos anos 2000 e próximo do presidente Russo Vladimir Putin, bem como padrinho de uma de suas filhas.

Estima-se que a formações pró-ocidentais Solidariedade Europeia, do ex-presidente Petro Poroshenko (8%), e Patria, da ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (6% a 9%), vão superar o limite de 5% dos votos necessários para entrar no Parlamento.

A formação pró-ocidental Golos (Voz), do astro do rock ucraniano Sviatoslav Vakarchuk e lançado em maio, obterá entre 4% e 7% dos votos.

Na sexta-feira, último dia da campanha, Vakarchuk realizou um show gratuito em Kiev com seu grupo Okean Elzy, antes de marchar para o Parlamento com seus partidários.

“Sabemos que será difícil, sabemos que vamos enfrentar muitos desafios, mas estamos prontos”, disse ele à multidão.

Estas eleições pressagiam uma nova era nesta antiga república soviética, dominada até agora por figuras que cresceram na URSS.

Entre 50% e 70% dos deputados serão novatos, muitos deles jovens sem experiência política, segundo os especialistas, que saúdam com cautela essa renovação, embora temam a falta de habilidade e uma possível “desordem”.