A Ucrânia e os separatistas pró-russos começaram neste sábado a retirar suas tropas de um setor-chave da linha de frente no leste do país, o passo prévio a uma cúpula internacional destinada a relançar o processo de paz.

“A retirada das tropas e do armamento começou” entre os povoados de Petrivske e Bogdanivka, declarou a jornalistas um alto responsável do exército ucraniano, Bogdan Bondar.

A agência de imprensa oficial dos separatistas, DAN, informou em seu site que “as autoridades da República Popular de Donetsk (DNR) comemoram o começo da retirada das armas e dos soldados” desta zona.

A retirada de tropas começou pouco depois das 12H00 (07H00 em Brasília). Os separatistas e os ucranianos lançaram foguetes luminosos brancos para indicar que ambos os campos estavam preparados e depois um verde, que significava que começavam a se retirar.

Na Ucrânia, uma jornalista da AFP viu a retirada de três veículos blindados de combate, dois caminhões militares e de cerca de 20 soldados.

“Em 12 de novembro às 12H00 horas, as tropas e o equipamento deverão ter sido trasladados a novas posições”, o que significa o fim do processo de retirada, explicou Bogdan Bondar.

Depois disso serão dedicados 25 dias à limpeza da zona e ao desmantelamento das trincheiras e fortificações.

As aldeias de Petrivske e Bogdanivka, a primeira controlada pelos separatistas e a segunda por Kiev, estão situadas perto da “capital” rebelde de Donetsk.

A operação, que pode durar dias, estava prevista inicialmente para segunda-feira e depois sexta, mas foi adiada por disparos na zona.

A retirada deste sábado é “a última condição prévia para organizar a cúpula quadripartite”, explicou nesta semana o chefe da diplomacia ucraniana, Vadym Prystaiko.

Na cúpula participarão representantes da Ucrânia e da Rússia com a mediação da França e da Alemanha.

Prystaiko espera que este encontro entre Vladimir Putin, Volodymyr Zelensky, Emmanuel Macron e Angela Merkel possa ocorrer em novembro, em Paris.

Seria o primeiro encontro nesse nível para buscar uma saída para o conflito, que começou em 2016 no leste da Ucrânia.

A realização da cúpula não foi concretizada até agora porque a Rússia condicionava o diálogo à retirada das tropas ucranianas em três pequenos setores da linha de frente.

A retirada de tropas, iniciada pelo novo presidente ucraniano em maio, gera preocupação na Ucrânia, sobretudo entre os ex-combatentes.

O conflito deixou cerca de 13.000 mortos desde que começou, há cinco anos, um mês depois da anexação por parte de Moscou da península da Crimeia.

Ucranianos e ocidentais acusam Moscou de apoiar financeiramente e militarmente aos separatistas e de controlar de fato a zona, acusação que Moscou nega.