Exército ucraniano tenta recuperar território ocupado pela Rússia, incluindo região de Kherson. No mesmo dia, agência da ONU envia missão para inspecionar usina nuclear de Zaporíjia.A Ucrânia anunciou nesta segunda-feira (29/08) o início de uma contraofensiva no sul do país para tentar recuperar territórios ocupados desde o início da invasão russa, em fevereiro deste ano. A decisão indica um reforço da confiança dos ucranianos, em meio ao fluxo contínuo de apoio militar ocidental.

Também nesta segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enviou à Ucrânia uma equipe para inspecionar a usina de Zaporíjia, onde crescem os temores quanto a um desastre nuclear. Moscou e Kiev trocam acusações de ataques e bombardeios nas proximidades da maior usina nuclear da Europa.

Retomada de Kherson

“Hoje, iniciamos ações ofensivas em várias direções, incluindo na região de Kherson”, afirmou a porta-voz do comando sul do Exército ucraniano, Natalia Humeniuk. Na fase inicial da guerra, a Rússia capturou uma parte significativa do território ucraniano próximo à costa do Mar Negro, incluindo Kherson, em contraste com a fracassada tentativa de capturar a capital, Kiev.

A Ucrânia vem utilizando armamentos sofisticados fornecidos pelo Ocidente, que permitem atingir alvos estratégicos, como depósitos de munições, e tentar interromper linhas de abastecimento russas. Somente nas última semanas, dez desses depósitos foram atacados, o que, segundo Humeniuk, “enfraqueceu inquestionavelmente o inimigo”. Não foi possível confirmar essa informação de forma independente.

Ela não forneceu detalhes sobre a contraofensiva no sul do país, mas afirmou que as forças russas ainda se mantêm “bastante poderosas”.

Serguei Aksyonov, governador da península da Crimeia, minimizou o anúncio ucraniano como “mais uma propaganda falsa da Ucrânia”. O território, anexado pela Rússia em 2014, fica nas proximidades de Kherson.

A agência russa de notícias RIA informou que pessoas em Nova Kahokva, a 58 quilômetros de Kherson, estavam sendo retiradas de seus locais de trabalho, após mais de dez ataques ucranianos com mísseis.

Zaporíjia

Enquanto isso, o Ministério do Exterior em Kiev confirmou que uma missão da AIEA chegaria à Ucrânia nesta segunda-feira. “Esperamos que a missão inicie os trabalhos em Zaporíjia nos próximos dias”, escreveu o porta-voz da pasta, Oleg Nikolenko, em seu perfil no Facebook.

O diretor da agência, Rafael Grossi, disse que iria liderar a equipe de inspetores em Zaporíjia. “Devemos proteger a segurança da Ucrânia e a maior usina nuclear da Europa”, afirmou no Twitter.

A AIEA disse que a missão avaliará danos físicos nas instalações, além de examinar as condições dos funcionários ucranianos que ainda trabalham no local. O objetivo é determinar a “funcionalidade da segurança e dos sistemas de proteção”, além de realizar “atividades urgentes de garantia de segurança”.

Nesta segunda-feira, a Rússia afirmou que um míssil ucraniano perfurou o teto de um depósito de combustíveis no local. O Ministério russo da Defesa disse que suas tropas abateram um drone ucraniano que tentava realizar um ataque, mas que não houve danos graves, e que os níveis de radiação estavam dentro do normal. A Ucrânia nega ter atacado a usina.

O Kremlin afirma que a missão da AIEA é necessária e pediu à comunidade internacional para que exerça pressão sobre a Ucrânia, de modo a reduzir as tensões no entorno da usina.

A ONU, os Estados Unidos e a Ucrânia pediram a remoção de equipamentos militares e soldados do local, para assegurar que não se tornasse um alvo. Moscou, porém, rejeitou a proposta.

rc/bl (Reuters, DPA)