A rede social Twitter anunciou nesta quinta-feira (26) que proibiu a existência de anúncios publicitários nas contas dos veículos de comunicação russos RT e Sputnik, em decorrência das interferências de Moscou nas eleições americanas de 2016.

Essa decisão tem “efeito imediato”, comunicou o Twitter.

“Isso se baseia no trabalho que realizamos anteriormente sobre as eleições americanas de 2016 e na conclusão que os serviços de inteligência americanos chegaram de que, tanto o RT como o Sputnik, tentaram interferir no processo eleitoral por causa do governo russo”, informou a rede social em um informe.

“Não tomamos essa decisão às pressas e a aplicamos como prova do nosso compromisso de garantir aos usuários do Twitter a totalidade do serviço”, acrescentou.

A rede social explicou que os dois veículos midiáticos russos continuarão sendo usuários de sua plataforma, “conforme as regras do Twitter”.

Em resposta, a editora-chefe do RT, Margarita Simonyan, qualificou a medida como “muito lamentável”. “Nunca pensei que o Twitter estava sob controle do serviço secreto dos Estados Unidos, me parecia ser teoria da conspiração, mas o Twitter acaba de confirmar”.

A diretora complementou, dizendo que a decisão podia gerar repercussões nos veículos americanos de mídias situados na Rússia.

O ministro de Relações Exteriores russo reprovou a medida, ao considerar “isso como um gesto agressivo (…) que é resultado da pressão de uma parte do ‘establishment’ americano e os serviços de inteligência. As medidas de retaliação, naturalmente, virão”, disse o chanceler à agência de notícias russa Ria Novosti.

A Sputnik, por sua vez, declarou em sua página na internet que a decisão é “lamentável”, e contou à AFP que o seu serviço “nunca fez anúncios publicitários no Twitter”.

A Sputnik é seguida “por pessoas que estão cansadas dos meios tradicionais e que buscam uma perspectiva diferente da atualidade”, acrescentou.

O Twitter também comunicou que doará a quantia de 1,9 milhões de dólares que recebeu dos meios russos desde 2011, “para respaldar investigações externas sobre o uso do Twitter em compromissos civis e eleitorais, incluindo o uso de automatização maliciosa e desinformada”.

No último mês, a companhia se desculpou publicamente por ter permitido o uso de contas automatizadas ou “bots”, que divulgaram falsas informações durante o período da campanha presidencial. Entre essas estavam, por exemplo, as contas pertencentes a RT, que gastou o estimado a 274.000 dólares em publicidade do Twitter em 2016, para promover as suas publicações.