O Facebook e o Twitter defenderam a forma como lidaram com a desinformação nas eleições dos Estados Unidos durante uma audiência acalorada diante do Congresso nesta terça-feira (17), na qual um importante senador criticou as plataformas por serem “editores finais” das notícias políticas.

A audiência, a segunda em menos de um mês, ocorreu em meio às pressões sobre as redes sociais, tanto da esquerda quanto da direita, por sua gestão dos conteúdos políticos durante a árdua campanha presidencial americana.

O chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, e o CEO do Twitter, Jack Dorsey, deram seus depoimentos de forma remota na sessão sobre a “censura e supressão de artigos de notícias” e o “tratamento das eleições de 2020” pelas plataformas, de acordo com as propostas dos senadores.

O senador republicano Lindsey Graham, que preside a audiência do Comitê Judiciário, alertou ambos sobre a necessidade de novos regulamentos para garantir que as principais plataformas sejam responsabilizadas pelas decisões de remover, filtrar ou permitir que conteúdos permaneçam online.

“Parece que vocês são os editores finais”, disse ele na abertura, enquanto questionava as decisões de ambas as redes de limitar a distribuição de um artigo do New York Post sobre uma má conduta envolvendo o filho do presidente eleito, Joe Biden, durante a campanha.

“Quando há empresas que têm o poder dos governos (e) têm muito mais poder do que a mídia tradicional, alguém tem que ceder”, declarou.

Graham disse que a lei conhecida como Seção 230, que confere imunidade a serviços online quando se trata de conteúdo postado por terceiros, “precisa ser alterada”.

– Megafone para mentiras –

O senador democrata Richard Blumenthal também pediu uma reforma da Seção 230, enquanto repreendia as redes sociais pelo que ele considera um ato impróprio de desinformação política do presidente Donald Trump.

“O presidente usou esse megafone para espalhar falsidades perigosas em uma aparente tentativa de anular a vontade dos eleitores”, disse ele.

O congressista acrescentou que as grandes redes sociais têm “um poder que excede em muito os barões ladrões da última era do ouro” e “lucraram enormemente com a extração de dados sobre nossas vidas privadas e a promoção de discurso de ódio e repressão aos eleitores”.

Por sua vez, o senador republicano Mike Lee denunciou o que chamou de “situações em que suas plataformas estão tendo uma abordagem notoriamente partidária e não neutra na moderação de conteúdos relacionados à eleição… Poucos dias antes da eleição”.

Dorsey e Zuckerberg disseram que estavam abertos à reforma da Seção 230 e ressaltaram seus esforços para conter a desinformação durante a campanha eleitoral.

“Fortalecemos nossa fiscalização contra milícias, redes de conspiração e outros grupos para ajudar a impedi-los de usar nossa plataforma para organizar violência ou distúrbios civis no período após a eleição”, afirmou Zuckerberg.

Ele observou, ainda, que o Facebook removeu falsas alegações sobre as condições das pesquisas e exibiu avisos em mais de 150 milhões publicações sinalizadas por checadores de fatos independentes.

Dorsey disse que a filtragem no Twitter não foi tendenciosa, ao contrário do que afirmam os conservadores.

Ao filtrar o conteúdo, “todas as decisões são tomadas sem usar pontos de vista políticos, filiação partidária ou ideologia política”, explicou ele em seu depoimento.

“As regras do Twitter não são baseadas em uma ideologia ou um conjunto específico de crenças. Acreditamos fortemente em ser imparciais e nos esforçamos para garantir o cumprimento de nossas regras de maneira justa”.

Ambas as plataformas começaram a limitar o alcance de muitos dos tuítes de Trump, principalmente aqueles em que o presidente rejeitou sua derrota na eleição ou questionou a integridade do processo de votação.

Twitter e Facebook têm enfrentado forte pressão para remover o que muitos consideram desinformação prejudicial sobre as eleições, ao mesmo tempo em que lutam contra as alegações de que estão suprimindo certas opiniões políticas.