Quando um mercado chega a 57 milhões de clientes, a demanda por novidades é instantânea. Os consumidores não ficam satisfeitos com aquilo que compraram. Almejam inovações. Na semana passada, a rotina dos últimos tempos se repetiu. As operadoras e os fabricantes sacaram uma nova onda de lançamentos para atender seus clientes. No Rio de Janeiro, a Oi colocou em exposição a casa do futuro. Um condomínio na Barra da Tijuca foi escolhido para a exibição. Entre as tecnologias apresentadas está o acionamento à distância, por comandos de celular, da luz e das portas. A Vivo, a maior do País com 23 milhões de usuários, lançou o seu serviço de comunicação instantânea entre celulares, similar aos walkie-talkies. A fabricante de aparelhos SonyEricsson apresentou a parceria com a Flextronics para a produção no país de seus telefones. ?É um mercado abastecido por inovação?, afirma Roger Solé, diretor da Vivo.

Esse maremoto de novidades faz sentido porque desde a privatização do Sistema Telebrás, em 1997, o Brasil se tornou um dos dez maiores mercados de telefonia celular do mundo, o primeiro da América Latina, na frente do México. São 31 aparelhos por cada 100 habitantes e em apenas um ano o número de consumidores cresceu 42,2%. A cada semana, uma empresa do setor anuncia uma safra de investimentos. A italiana TIM, por exemplo, anuncia que nos próximos dois anos tem no caixa R$ 7 bilhões para gastar no País. A líder de vendas de aparelhos, a finlandesa Nokia, com 43% dos aparelhos vendidos, fez, de uma única vez, no primeiro semestre, o lançamento de 30 modelos diferentes. ?Há muitas oportunidades e ninguém quer ficar de fora desse universo?, afirma Leandro Xavier, diretor da Tellvox, empresa especializada em conteúdo para celulares.

Na esteira do mercado interno, o Brasil também se transformou em uma plataforma de exportação. Em 2000 foram vendidos para o exterior US$ 700 milhões em celulares, sete vezes mais que a exportação da indústria de software. No ano passado, a diferença chegou a dez vezes. Os celulares exportados renderam US$ 1 bilhão e para 2004 a expectativa dos fabricantes é aumentar ainda mais esse volume. O que acontece no Brasil é um fenômeno de países emergentes onde há um grande mercado à espera de novidades. Só na Ásia, o instituto de pesquisa Yankee Group estima que serão vendidos este ano 30 milhões de computadores versus cerca de 200 milhões de celulares capazes de tirar fotos, receber e enviar e-mails e com acesso à internet. Não à toa, a Vivo prepara o mercado para alguns dos mais inovadores projetos em solo nacional. ?Nem sempre teremos bons resultados financeiros a princípio com as novidades, mas precisamos oferecê-las?, diz Solé. A companhia lança, até o final do ano, um serviço de informação no celular. A diferença é que serão atendentes em pessoa, e não máquinas, que passam as mais variadas informações, com base em pesquisas feitas na internet. ?Desde restaurantes em determinado bairro até telefone de encanador?, diz Solé. E para o próximo semestre, a companhia ofertará serviços que usam a localização no celular. Ou seja, GPS (sistema de rastreamento por satélite) no telefone. Será possível saber a exata localização do dono do aparelho em qualquer ponto da área de atuação da Vivo. O serviço parece promissor. Melhor dizendo, é um pote de ouro nesse mercado em crescimento, porque a cada dia o celular é tudo, menos um simples telefone.