Esta é a primeira vez que representantes do bloco são chamados para monitorar o pleito no país. Convite ocorre em meio a temor de que Bolsonaro não respeite resultados eleitorais em outubro.O Superior Tribunal Eleitoral (TSE) convidou a União Europeia para observar as eleições nacionais do Brasil, que ocorrerão em outubro – o primeiro turno está marcado para o dia 2 de outubro, e o segundo, para o dia 30 do mesmo mês. A informação foi divulgada nesta terça-feira (12/04) por jornalistas da agência de notícias Reuters.

Vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelos setores de política externa e de segurança do bloco, o espanhol Josep Borrell já teria respondido ao TSE no mês passado, agradecendo o convite e informando que iria consultar os 27 estados-membros da UE e também o Parlamento Europeu.

A UE já estaria preparando um plano para enviar representantes como observadores das eleições nacionais no Brasil. A Embaixada da UE em Brasília, no entanto, não comentou o convite – atitude idêntica tomou o gabinete do presidente Jair Bolsonaro.

O TSE informou que também convidou outras instituições internacionais para o envio de emissários ao Brasil. Entre elas, a Organização dos Estados Americanos (OAS), o Centro Carter, o parlamento do grupo Mercosul e a Fundação Internacional de Sistemas Eleitorais (IFES), que tem sede em Washington. A aceitação dos convites, no entanto, ainda está em negociação.

“A Organização dos Estados Americanos já havia sido convidada para observar as eleições de 2018 e 2020. Este ano, estamos convidando outras instituições”, declarou um funcionário do TSE.

Questionamentos sem provas

Nos últimos anos, mesmo com a vitória nas eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro tem constantemente criticado o sistema eleitoral brasileiro. As críticas são direcionadas principalmente para o voto por meio da urna eletrônica. Nenhuma das alegações, no entanto, foi comprovada.

Depois de mais de um ano dizendo que tinha provas sobre as supostas fraudes, Bolsonaro admitiu, em 29 de julho do ano passado, que não tinha evidências de que as últimas eleições presidenciais haviam sido fraudadas.

Em uma live na internet, o presidente exibiu uma série de teorias falsas, cálculos equivocados e vídeos antigos, que já haviam sido verificados e desmentidos, mas que ainda circulavam na internet, como supostas provas de fraude no sistema eleitoral.

Na época, o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu no Twitter e em seu site alegações feitas durante a transmissão.

Mais adiante, em 10 de agosto, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, bandeira defendida por Bolsonaro, foi rejeitada no plenário da Câmara dos Deputados e, consequentemente, arquivada.

gb (Reuters, AP)