O presidente Donald Trump anunciou nesta quarta-feira a suspensão, por 30 dias, de todas as viagens da Europa para os Estados Unidos, visando deter a propagação do novo coronavírus.

“Decidi adotar medidas fortes mas necessárias para proteger a saúde e o bem-estar de todos os americanos”, disse Trump em mensagem à Nação do Salão Oval da Casa Branca.

UE ‘desaprova’ decisão ‘unilateral’ de Trump de suspender viagens por coronavírus

“Para evitar que cheguem novos casos ao nosso país, suspenderei todas as viagens da Europa aos Estados Unidos durante os próximos 30 dias”.

A medida se aplicará a todos que estiveram durante os 14 dias prévios à chegada aos EUA em qualquer país do espaço Schengen, exceto para americanos e residentes permanentes.

“A nova determinação entrará em vigor à meia-noite de sexta-feira” (01H00 Brasília) e não envolverá o Reino Unido.

Trump, que lamentou que a União Europeia “não tenha adotado as mesmas precauções que os Estados Unidos”.

Durante seu discurso de 10 minutos, o presidente definiu como um “vírus estrangeiro” o agente infeccioso já presente em 100 países.

O novo coronavírus teve sua origem na cidade chinesa de Wuhan.

Há alguns dias, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, provocou polêmica e a irritação de Pequim ao citar o “vírus de Wuhan”.

Após o anúncio, os preços do petróleo recuaram na Ásia: o barril do West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril perdia 6,28%, a 30,91 dólares, e o Brent do Mar do Norte recuava 6,04%, a 33,63 dólares.

Em outra decisão para conter a epidemia, Trump “pediu ao Congresso que permita aos americanos uma redução imediata de impostos” sobre a folha de pagamento.

O presidente informou ainda que adiará a cobrança de impostos a certas empresas e pessoas afetadas pela epidemia, uma medida que deve injetar mais de 200 bilhões de dólares de liquidez na economia americana.

Horas antes do discurso à Nação, o diretor do Centro de Prevenção de Enfermidades, Robert Redfield, havia advertido para o risco maior de propagação do coronavírus relacionado à Europa.

“Para nós, a verdadeira ameaça agora é a Europa. Os casos vêm de lá. Falando claro, a Europa é a nova China”.

A Europa registra 22.307 casos confirmados, com 930 mortes. No mundo são 124.101 casos em 113 países e territórios, com 4.566 vítimas fatais, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais.

Classificado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde, o Covid-19 paralisa a vida diária dos cidadãos, com limitações às viagens até o fechamento de locais públicos, passando pela restrição da quantidade de pessoas em eventos.

No início de fevereiro, Washington proibiu temporariamente a entrada nos Estados Unidos de cidadãos estrangeiros com passagem recente pela China.

O Departamento de Estado, que havia recomendado aos cidadãos americanos não viajar à Itália, agora ampliou a recomendação a qualquer país.

A advertência destaca que os americanos que viajam para o exterior correm o risco de ficar retidos em muitas nações, incluindo aquelas onde ainda não há casos de coronavírus, “que podem restringir o trânsito (de pessoas) sem aviso prévio”.

O novo coronavírus já matou 38 pessoas nos EUA, onde há 1.200 casos confirmados, segundo estatísticas da universidade americana Johns Hopkins.

A porta-voz da presidência Stephanie Grisham informou que “para exercer a maior precaução diante da epidemia” Trump decidiu “cancelar seus próximos eventos”, em dois estados do Oeste do país.

Trump pretendia viajar ao Colorado e discursar no sábado em Las Vegas, Nevada, na Coalizão Republicana Judaica.

– Tom Hanks contaminado –

O ator americano Tom Hanks anunciou que apresentou resultado positivo para o novo coronavírus, assim como sua esposa Rita Wilson. Os dois estão na Austrália.

A pandemia continua provocando estragos no calendário esportivo mundial. Nos Estados Unidos, a NBA suspendeu por tempo indeterminado a temporada depois que um jogador foi diagnosticado com Covid-19.

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) solicitou à Fifa o adiamento do início das eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar-2022.

A Coreia do Sul registrou 114 novos casos nesta quinta-feira, o que eleva a 7.869 o número de pessoas afetadas, com 66 mortes.

O ritmo de aumento é muito menor do que no início do mês, quando entre 500 e 600 novas infecções eram registradas diariamente. Mas as autoridades pediram vigilância contínua.

Na China, o número de novas infecções diárias caiu para 15 nesta quinta-feira, o menor desde meados de janeiro, quando os dados começaram a ser publicados.