O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuou nesta quinta-feira em sua ameaça de fechar a fronteira com o México nos próximos dias, mas advertiu seu vizinho do sul que adotará tarifas sobre a importação de veículos caso persista o atual fluxo de imigrantes e drogas.

“Se o México não nos ajudar, tudo bem, vamos aplicar tarifas sobre seus carros”, declarou Trump na Casa Branca. “Vou fazer isto, e não brinco”.

Trump disse aos jornalistas que dará um ano ao México para deter o narcotráfico na fronteira antes de impor as tarifas, sem esclarecer se a questão dos imigrantes passa pelo mesmo prazo.

“Se o México não fizer o que pode fazer com muita facilidade, prender essas pessoas (emigrantes), cobraremos taxas sobre os carros, e se isso não funcionar fecharemos a fronteira”.

“Também vamos fazer algo relacionado a tarifas pelas drogas, porque (…) centenas de milhares de vidas são arruinadas por ano em nosso país”, afirmou. “Se as drogas não pararem (de chegar), vamos colocar tarifas”, avisou.

Uma média de 80% das exportações de automóveis fabricados no México, um importante pilar de sua produção industrial, destinam-se aos Estados Unidos e ao Canadá.

“Então vamos colocar tarifas se eles não apreenderem (migrantes) e, em última análise, vamos dar um período de tempo, mas, se daqui a um ano as drogas continuarem a nos inundar, vamos colocar tarifas”, disse.

O governo mexicano reagiu quase que imediatamente às declarações do presidente, pedindo a Washington para desvincular as duas questões.

“É muito importante manter em separado os temas de migração e comerciais. Certamente o governo dos Estados Unidos algumas vezes mistura os dois temas. Para nós, é muito importante manter em uma via a ratificação do tratado de livre comércio e em outra, os temas que têm a ver com migração”, disse em coletiva de imprensa na Cidade do México a ministra da Economia, Graciela Márquez.

“Em termos de novas tarifas, teríamos de discuti-las em termos da relação entre parceiros comerciais que estão modernizando um acordo comercial”, afirmou Márquez, referindo-se ao acordo T-MEC entre Canadá, México e Estados Unidos (ou USMCA, na sua sigla em inglês), assinado em novembro após um ano de negociações.

Este acordo, que substitui o Nafta e tem seções especiais sobre o comércio automotivo, ainda deve obter a aprovação dos respectivos congressos para entrar em vigor.

Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) disse, em visita ao México, na mesma conferência, que “todos os países têm espaço para desenvolver políticas públicas, políticas comerciais da maneira que quiserem, mas têm obrigações e acordos que foram contratados com outros “países.