O presidente dos Estados Unidos voltou a pressionar o Federal Reserve (Fed) para que evite aumentar as taxas de juros na reunião de política monetária que a entidade começou nesta terça-feira (18).

“Espero que as pessoas do Federal Reserve leiam o editorial do Wall Street Journal de hoje antes que cometam outro erro”, tuitou Donald Trump na manhã desta terça-feira (18).

Trump pediu à entidade que “sinta o mercado (e que) não tome suas decisões somente a partir de números sem sentido”.

Pelo segundo dia consecutivo, Trump tentou influenciar pelo Twitter o Comitê Monetário do Fed, que começou nesta terça uma reunião de dois dias.

“A reunião do Comitê Monetário começou às 13h00 hora segundo o planejado”, disse uma porta-voz da Fed.

Para a grande maioria dos especialistas, há poucas dúvidas de que o Federal Reserve aumentará sua taxa principal em 0,25 ponto percentual na quarta-feira para levá-lo a um nível de entre 2,25% e 2,50%. Este valor continuaria sendo historicamente baixo, mas ainda estaria no mais alto nível dos últimos 12 anos.

O Fed não tem dado sinais muito claros de que aumentará as taxas e um evento extraordinário colocaria à prova a sua independência política.

A pressão incessante de Trump só pode consolidar o Comitê: não aumentar o custo do crédito na quarta-feira daria a impressão de que a instituição, zelosa de sua independência, está sob ordens.

As taxas de juros mais altas elevam todos os créditos de consumo e os empréstimos imobiliários, uma medida que é, inevitavelmente, impopular. E isso poderia pesar em sua reeleição.

O mais importante é que estas altas fortalecem o dólar, que responde aos objetivos de redução do déficit comercial da administração Trump, fazendo com que as importações sejam mais baratas e que os produtos americanos sejam mais caros para exportar.

– Nem muito quente, nem muito frio –

Os analistas irão se focar principalmente nas declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, e no comunicado que será publicado na quarta-feira para tentar averiguar o que o Fed pretende fazer no ano que vem e quantas vezes poderá fazer pressão.

Questionada sobre as reiteradas intervenções do presidente na política monetária, em contraste com a atitude de seus antecessores, a porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders defendeu a liberdade de expressão de Trump.

“Sabe que o Fed é uma agência independente. Isso não tira do presidente o direito de dar seu ponto de vista”, afirmou, argumentando que “essa é uma das razões pelas quais as pessoas gostam dele”.

A incerteza em torno dos Estados Unidos e da economia global pesa muito sobre os mercados financeiros, especialmente em Wall Street. Uma queda que também preocupa o presidente, que demonstrou que vinculou o mercado de valores ao sucesso de sua política econômica.

É sobre essa questão que Trump havia atacado no dia anterior.

“É incrível que com um dólar muito forte e praticamente nenhuma inflação, o mundo explodindo ao nosso redor, Paris em chamas e a China em queda, o Fed só possa pensar em um novo aumento nas taxas de juros”, tuitou.

O Fed busca evitar o superaquecimento de uma economia impulsionada pelos cortes de impostos do governo Trump, enquanto a inflação atingiu a meta de 2% e a taxa de desemprego está em seu nível mais baixo desde 1969, em 3,7%.

Mas nos últimos meses, a primeira economia do mundo envia sinais contraditórios e se torna mais difícil de ser lida.